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SHOW
Ex-DJ convertido a jazzista, Bruno E faz apresentação hoje baseada no último disco, "Lovely Arthur", no Sesc Pompéia
Jazz pós-drum'n'bass chega aos palcos
RONALDO EVANGELISTA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Cercado de alguns dos melhores
músicos da noite paulistana
-como o trombonista Bocato e o
saxofonista Márcio Negri-, o ex-DJ de drum'n'bass recentemente
convertido a jazzista Bruno E estréia hoje no palco do SESC Pompéia show baseado em seu último
lançamento, o álbum "Lovely Arthur", que a Trama acaba de soltar nas lojas. Segundo ele, a transição de drum'n'bass cruzado com
ritmos brasileiros para um jazz
moderno com influência de
avant-garde e, até, pitadas de eletrônica, se deu naturalmente.
"O jazz sempre foi uma paixão
minha, eu virei músico por causa
disso. Mas a vida acabou me levando para outros rumos, entrei
de cabeça na música eletrônica.
Para se fazer jazz não basta experiência musical, tem que ter também uma certa experiência de vida. Depois que conheci Coltrane e
Charles Mingus, nunca mais fui o
mesmo, mas foi só depois que eu
me casei, meu filho nasceu, fui
morar um tempo em Londres e
virei budista é que o jazz começou
a acontecer na minha vida."
No disco, Bruno compôs todos
os temas, que também estarão no
show, e tocou um pouco de piano
Rhodes e baixo elétrico, além de
alguns sintetizadores e programações. No show, vai fazer sua estréia ao trompete, instrumento
que vem aprendendo há dois
anos. Cercado de outros seis músicos, promete um show diferente
do disco e com mais improvisações, mas com a mesma "pegada". Totalmente acústica, a apresentação terá também a participação da sua mulher cantora, Patricia Marx, em uma canção.
Além de Coltrane e Mingus, ele
cita nomes como Eumir Deodato,
Gil Evans e Medeski, Martin &
Wood entre as influências de sua
nova fase, e se diz até "conservador" com certas coisas. "A música
eletrônica pode ajudar o jazz, mas
tem que tomar muito cuidado. É
uma responsabilidade muito
grande mexer em certos padrões.
Já foi feita muita coisa harmonicamente dentro do jazz, e ele tem
uma estrutura muito rica. Eu me
preocupo muito com a organicidade do jazz, o que eu busquei foi
o diálogo com a eletrônica, usando o movimento da vida de hoje,
mas mantendo o que acho importante no estilo, como os timbres
acústicos."
Quando perguntado se as experiências com o novo estilo indicam uma nova trilha ou se pretende voltar à música de laptop, ele
diz que tem calma e quer ainda
passar por muitas experiências
antes de pensar em gravar mais,
mas responde com segurança:
"esse é o meu caminho". Depois,
se empolga dizendo as possibilidades de um jazz moderno no
Brasil. "Nós temos músicos muito
bons aqui, que poderiam estar
numa situação de muito mais representação global, como já foi,
mas não conseguem por falta de
estrutura. Eu acredito no jazz brasileiro, espero que meu disco possa de alguma maneira oferecer
mais possibilidades para outros
músicos que estão por aí."
"A grande questão para todo
mundo hoje em dia é para onde
vai o jazz. É claro que não vou responder isso. Meu intuito é tentar
fazer uma ruptura", diz ele sobre
o novo trabalho."Uma coisa que
eu acho importante no meu disco
é a atmosfera. O grande barato é
quando a pessoa ouve e sente. O
que importa é a sensibilidade, não
interessa se o cara é conhecedor
do jazz ou não", completa.
BRUNO E. Show do disco "Lovely Arthur.
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, SP, tel.
3817-7700). Quando: hoje, às 21h.
Quanto: de R$ 4 a R$ 12.
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