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TEATRO
Cidade convoca estrelas como Lázaro Ramos e Elba Ramalho na edição 2003 do evento, sem perder enfoque local
Auto em Natal aposta em nomes famosos
MÁRVIO DOS ANJOS
ENVIADO ESPECIAL A NATAL
Há seis anos, a cidade de Natal
decidiu levar a sério o fato de ter
sido fundada em 25 de dezembro
de 1599, e um auto natalino passou a ser encenado anualmente.
Mas, nesta edição, a proposta é incluir mais showbiz na encenação,
que sobe ao palco hoje e amanhã.
Diferentemente de outros anos,
em que havia apenas artistas locais, o "Auto do Natal 2003" traz
artistas consagrados, sem perder
o foco nordestino. O premiado
ator baiano Lázaro Ramos e a
cantora paraibana Elba Ramalho
farão parte da representação, uma
versão mais enxuta de "Morte e
Vida Severina", auto do poeta
pernambucano João Cabral de
Melo Neto (1920-99), com direção
do potiguar Moacyr Góes e iluminação do piauiense Maneco
Quinderé.
O auto ganha ares de superprodução com a inclusão da Orquestra Sinfônica do RN e a Banda Sinfônica de Natal, num total de 134
músicos em cena. O investimento
total é de R$ 400 mil, divididos entre o governo do RN, a Prefeitura
de Natal e patrocínio da BR Distribuidora -curiosamente, R$
100 mil a menos do que em 2002,
quando não houve estrelas. A supressão do cortejo anual -por
motivos de segurança, já que o
palco deste ano fica próximo da
BR-101- justificaria a economia,
segundo a assessoria do auto.
Mesmo com toda a pompa, o
evento não perdeu seu caráter local. O elenco terá 34 atores e bailarinos natalenses, selecionados especialmente para o auto. E ainda
que os figurinos e a cenografia tenham sido criados por uma equipe escolhida por Góes, o trabalho
foi levado a cabo também por
profissionais da cidade, entre artistas plásticos e costureiras.
"O resultado foi bastante satisfatório, porque não sabíamos o
que íamos encontrar aqui", diz
Osvaldo Arcas, um dos figurinistas. Ele conta que o material utilizado foi quase todo local, privilegiando rendas, tecidos e técnicas
da região. Foram dadas também
oficinas de preparação corporal e
cenografia, incentivando a criação de um mercado de trabalho
artístico na cidade.
Uma proposta que combina
com o enfoque do diretor para o
auto. "Queria fazer algo que tivesse a ver com o povo daqui. Ao
mesmo tempo, quero mostrar
que são as pessoas humildes que
dão a dimensão real da esperança,
hoje tão vulgarizada. Invejo essa
fé", afirma Góes, que se diz ateu.
No palco, destacam-se três telões com cenas de anônimos, não
só do Nordeste. "Serão severinos
do mundo inteiro, da Somália, da
Bósnia e do Iraque", diz o diretor.
O jornalista Márvio dos Anjos viajou a
convite da Funcarte
AUTO DO NATAL 2003. Direção: Moacyr
Góes. Com Lázaro Ramos, Elba Ramalho
e outros. Onde: Praça Cívica da UFRN
(Campus da UFRN, s/nš, Lagoa Nova,
Natal, tel. 0/xx/84/9983-0905). Quando:
hoje e amanhã, às 20h. Entrada franca.
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