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São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2003

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TEATRO

Cidade convoca estrelas como Lázaro Ramos e Elba Ramalho na edição 2003 do evento, sem perder enfoque local

Auto em Natal aposta em nomes famosos

MÁRVIO DOS ANJOS
ENVIADO ESPECIAL A NATAL

Há seis anos, a cidade de Natal decidiu levar a sério o fato de ter sido fundada em 25 de dezembro de 1599, e um auto natalino passou a ser encenado anualmente. Mas, nesta edição, a proposta é incluir mais showbiz na encenação, que sobe ao palco hoje e amanhã.
Diferentemente de outros anos, em que havia apenas artistas locais, o "Auto do Natal 2003" traz artistas consagrados, sem perder o foco nordestino. O premiado ator baiano Lázaro Ramos e a cantora paraibana Elba Ramalho farão parte da representação, uma versão mais enxuta de "Morte e Vida Severina", auto do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-99), com direção do potiguar Moacyr Góes e iluminação do piauiense Maneco Quinderé.
O auto ganha ares de superprodução com a inclusão da Orquestra Sinfônica do RN e a Banda Sinfônica de Natal, num total de 134 músicos em cena. O investimento total é de R$ 400 mil, divididos entre o governo do RN, a Prefeitura de Natal e patrocínio da BR Distribuidora -curiosamente, R$ 100 mil a menos do que em 2002, quando não houve estrelas. A supressão do cortejo anual -por motivos de segurança, já que o palco deste ano fica próximo da BR-101- justificaria a economia, segundo a assessoria do auto.
Mesmo com toda a pompa, o evento não perdeu seu caráter local. O elenco terá 34 atores e bailarinos natalenses, selecionados especialmente para o auto. E ainda que os figurinos e a cenografia tenham sido criados por uma equipe escolhida por Góes, o trabalho foi levado a cabo também por profissionais da cidade, entre artistas plásticos e costureiras.
"O resultado foi bastante satisfatório, porque não sabíamos o que íamos encontrar aqui", diz Osvaldo Arcas, um dos figurinistas. Ele conta que o material utilizado foi quase todo local, privilegiando rendas, tecidos e técnicas da região. Foram dadas também oficinas de preparação corporal e cenografia, incentivando a criação de um mercado de trabalho artístico na cidade.
Uma proposta que combina com o enfoque do diretor para o auto. "Queria fazer algo que tivesse a ver com o povo daqui. Ao mesmo tempo, quero mostrar que são as pessoas humildes que dão a dimensão real da esperança, hoje tão vulgarizada. Invejo essa fé", afirma Góes, que se diz ateu.
No palco, destacam-se três telões com cenas de anônimos, não só do Nordeste. "Serão severinos do mundo inteiro, da Somália, da Bósnia e do Iraque", diz o diretor.


O jornalista Márvio dos Anjos viajou a convite da Funcarte

AUTO DO NATAL 2003. Direção: Moacyr Góes. Com Lázaro Ramos, Elba Ramalho e outros. Onde: Praça Cívica da UFRN (Campus da UFRN, s/nš, Lagoa Nova, Natal, tel. 0/xx/84/9983-0905). Quando: hoje e amanhã, às 20h. Entrada franca.


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