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Filme possui tom pessoal, diz Coppola
DO "INDEPENDENT"
Em "Encontros e Desencontros", Charlotte, uma garota inteligente e instruída, casada com
um fotógrafo moderninho que
não lhe dá valor, se vê encerrada
num quarto de hotel em Tóquio,
buscando algum sentido em sua
vida. Enquanto isso, em Londres,
Sofia, uma garota inteligente e
instruída, divorciada há pouco de
um fotógrafo moderninho, está
encerrada num quarto de hotel,
buscando sentido em seu filme.
Coppola não é conhecida por
ser hábil com as palavras. A diretora de "As Virgens Suicidas" e de
"Encontros e Desencontros", filha de Francis Ford Coppola, possui um estilo visual ferrenhamente intuitivo e um jeito próprio de
observar. Mas ninguém pode dizer que seja uma faladora nata.
Seu hábito é iniciar uma sentença com um toque promissor de
atitude e depois se afastar dela,
deixando-a desaparecer no nada.
Mas esse modo de falar pouco articulado esconde uma vontade
poderosa. Contrariando os conselhos de seu pai, Coppola escreveu
o roteiro de ""As Virgens Suicidas"
quando os direitos já pertenciam
a outra pessoa (e abocanhou a
história assim que esse primeiro
contrato foi desfeito).
A produção de "Encontros e
Desencontros", o trabalho seguinte, tampouco deixou de ter
problemas, como o fato de que
ninguém sabia se seu astro -Bill
Murray, que faz o papel de Bob,
um ator decadente- iria ao set.
Apesar disso ela levou sua equipe toda a Tóquio. ""Mais ou menos na metade do filme, estávamos muito atrasados em relação
ao cronograma previsto, e me disseram que eu teria de cortar algumas coisas", recorda. "Eu disse
não, de jeito nenhum. Felizmente,
então, meu irmão Roman veio e
filmou a segunda unidade, e pudemos recuperar o tempo perdido e fazer tudo. É sorte minha ter
um irmão talentoso e bacana."
Coppola diz que o filme é pessoal para ela, mas se nega a revelar
até que ponto é autobiográfico.
Ela se mostra reticente diante da
sugestão de que o desagradável
marido de Charlotte, um fotógrafo representado por Giovanni Ribisi, possa ser baseado em seu ex-marido, Spike Jonze. "Não é", responde friamente. "Mas há alguns
elementos dele, sim. Seu personagem é mais uma caricatura vista
do ponto de vista de Charlotte".
A cineasta também refuta as
acusações de preconceito em relação aos japoneses, que, segundo
alguns, foram retratados de maneira estereotipada. "Acho que alguém entendeu mal as minhas intenções. Isso me irrita porque sei
que não sou preconceituosa.
Acho que as pessoas podem se
ofender com qualquer coisa que
você fizer, a não ser que esteja tentando especificamente ser bonzinho em relação a todo o mundo."
Tradução Clara Allain
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