São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

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Crítica/"Austrália"

Nem diretor parece acreditar em drama

CRÍTICO DA FOLHA

A escala grandiosa de épico romântico sugere que "Austrália" gostaria de pertencer à família de "...E o Vento Levou" (1939) e "Doutor Jivago" (1965), ainda hoje populares graças, entre outros aspectos, à ambientação de histórias de amor em períodos conturbados -a guerra civil dos EUA e a Revolução Russa, respectivamente.
A bilheteria, no entanto, deixou bem clara a distância entre expectativa e realidade. Orçado em US$ 130 milhões, arrecadou pouco menos de US$ 50 milhões nos EUA, ou 25% do desempenho de "Pearl Harbor" (2001), outra ambiciosa superprodução com a qual guarda, aí sim, algum parentesco.
Ambos elegem como vilões os japoneses em episódios contemporâneos da Segunda Guerra Mundial: o ataque à base americana de Pearl Harbor, no filme de Michael Bay, e o bombardeio de Darwin, na região norte da Austrália, na extravagante mistura de aventura, romance e guerra feita pelo australiano Baz Luhrmann.
"Vem Dançar Comigo" (92), "Romeu e Julieta" (96) e "Moulin Rouge - Amor em Vermelho" (01), seus longas anteriores, procuravam renovar o gênero musical sem o temor de que fossem vistos como exagerados ou cafonas, mas nenhum se arriscava no terreno do filme "sério" que mantém um pé no lazer descompromissado.
"Austrália" lida com material para dois, três longas distintos, e não houve roteirista capaz de dar jeito na sensação de que a história acaba ao menos duas vezes para logo recomeçar.
A narração é de um menino mestiço (Brandon Walters), protegido por uma britânica mandona (Nicole Kidman) e pelo australiano destemido (Hugh Jackman) com quem ela se envolve. Como são tempos difíceis, há muito sofrimento -e Luhrmann não se intimida em usá-lo para arrancar lágrimas do público, ainda que ele mesmo não pareça acreditar muito no que encena. (SÉRGIO RIZZO)


AUSTRÁLIA
Produção: Austrália/EUA, 2008
Direção: Baz Luhrmann
Com: Nicole Kidman, Hugh Jackman
Onde: estreia hoje no Anália Franco, Boavista Shopping e circuito
Classificação: não indicado a menores de 12 anos
Avaliação: regular



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