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Crítica/"Austrália"
Nem diretor parece acreditar em drama
CRÍTICO DA FOLHA
A escala grandiosa de épico romântico sugere
que "Austrália" gostaria de pertencer à família de
"...E o Vento Levou" (1939) e
"Doutor Jivago" (1965), ainda
hoje populares graças, entre
outros aspectos, à ambientação
de histórias de amor em períodos conturbados -a guerra civil dos EUA e a Revolução Russa, respectivamente.
A bilheteria, no entanto, deixou bem clara a distância entre
expectativa e realidade. Orçado
em US$ 130 milhões, arrecadou
pouco menos de US$ 50 milhões nos EUA, ou 25% do desempenho de "Pearl Harbor"
(2001), outra ambiciosa superprodução com a qual guarda, aí
sim, algum parentesco.
Ambos elegem como vilões
os japoneses em episódios contemporâneos da Segunda
Guerra Mundial: o ataque à base americana de Pearl Harbor,
no filme de Michael Bay, e o
bombardeio de Darwin, na região norte da Austrália, na extravagante mistura de aventura, romance e guerra feita pelo
australiano Baz Luhrmann.
"Vem Dançar Comigo" (92),
"Romeu e Julieta" (96) e "Moulin Rouge - Amor em Vermelho" (01), seus longas anteriores, procuravam renovar o gênero musical sem o temor de
que fossem vistos como exagerados ou cafonas, mas nenhum
se arriscava no terreno do filme
"sério" que mantém um pé no
lazer descompromissado.
"Austrália" lida com material
para dois, três longas distintos,
e não houve roteirista capaz de
dar jeito na sensação de que a
história acaba ao menos duas
vezes para logo recomeçar.
A narração é de um menino
mestiço (Brandon Walters),
protegido por uma britânica
mandona (Nicole Kidman) e
pelo australiano destemido
(Hugh Jackman) com quem ela
se envolve. Como são tempos
difíceis, há muito sofrimento
-e Luhrmann não se intimida
em usá-lo para arrancar lágrimas do público, ainda que ele
mesmo não pareça acreditar
muito no que encena.
(SÉRGIO RIZZO)
AUSTRÁLIA
Produção: Austrália/EUA, 2008
Direção: Baz Luhrmann
Com: Nicole Kidman, Hugh Jackman
Onde: estreia hoje no Anália Franco,
Boavista Shopping e circuito
Classificação: não indicado a menores de 12 anos
Avaliação: regular
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