São Paulo, sábado, 23 de janeiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LITERATURA
Colóquio celebra 50 anos de "O Segundo Sexo'


Cerca de 130 intelectuais se reúnem em Paris para discutir a obra de Simone de Beauvoir, uma das principais referências para o feminismo


de Paris

Começou na última terça-feira, em Paris, um colóquio internacional para celebrar os 50 anos do livro "O Segundo Sexo", obra da romancista e ensaísta francesa Simone de Beauvoir sobre a condição das mulheres na sociedade. O trabalho provocou polêmica quando foi lançado, em 1949.
O colóquio, que deve reunir até hoje cerca de 130 intelectuais e estudantes de todo o mundo, é organizado pela socióloga Christine Delphy e pela historiadora Sylvie Chaperon, especialista no conjunto da obra da ensaísta francesa.
"O Segundo Sexo" foi uma das principais bases para o feminismo contemporâneo, movimento do qual Beauvoir participou intensamente. A frase "Nós não nascemos mulher, e sim nos tornamos mulher" inspirou as gerações de mulheres que lutaram pela igualdade com os homens nos anos 70.
"Beauvoir ousou descrever sem eufemismo a sexualidade das mulheres. Ela falava em clitóris, vagina, menstruação e prazer feminino em plenos anos pós-Guerra", disse a historiadora Michelle Perrot ao jornal francês "Libération".
O ensaio, que mostrava de maneira filosófica a opressão das mulheres pelos homens partindo da sexualidade, acabou acarretando uma curiosa união: direita e esquerda francesa se aliaram para tentar demolir a obra.
Considerado por alguns um texto revolucionário e a bíblia do feminismo e, para outros, um livro abominável e degradante, não há dúvidas de que, até hoje, muitas mulheres tomam "O Segundo Sexo" como referência.
Simone de Beauvoir morreu em 1986 e tinha acabado de completar 40 anos de idade quando lançou o ensaio. Ela já tinha escrito dois outros romances de destaque: "O Convidado" (1943) e "O Sangue dos Outros" (1945).
A ensaísta foi companheira de Jean-Paul Sartre desde 1929 e suas obras expressam a filosofia existencialista que os dois partilhavam. Sua união com o intelectual fazia dela um personagem que despertava ou admiração, ou violentos ataques.
(MARIANA SGARIONI)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.