São Paulo, sábado, 23 de janeiro de 1999

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ESTILO
O mundo inteiro só vai fumar "habanos'

JOSIMAR MELO
especial para a Folha

Se é necessário mais algum pretexto para os amantes do bom charuto visitarem Cuba, aqui está ele: o evento Habanos'99, que acontece de 22 a 26 de fevereiro em Havana. Trata-se de uma maratona de cinco dias de conferências, debates, visitas a fábricas, além de jantares e outras atividades paralelas (de turismo e cultura) sempre relacionadas aos charutos cubanos, os melhores do mundo.
"Habanos en los Umbrales del 2000" ("habano" significa charuto cubano) é o título dos seminários que prometem contemplar todo tipo de assunto relacionado com o esse ícone da cultura e da economia cubana.
As palestras abordarão aspectos técnicos, agrícolas, artísticos, legais e gastronômicos ligados ao charuto. Uma delas está a cargo do consultor brasileiro especializado nessa área, Cesar Adames -o tema de sua exposição, que acontece no dia 24, é "A Viagem do Charuto Através da Mídia".
Organizado sob os auspícios da empresa estatal responsável pela comercialização dos charutos cubanos, a Habanos S.A., o evento prevê também algumas atividades paralelas (veja quadro nesta página). É o caso da apresentação, no teatro García Lorca, de um balé criado pelo bailarino cubano Alberto Méndez.
Mas a atividade mais cobiçada -e mais cara (custa US$ 500 se for comprada isoladamente)- é a intitulada Ceia do Milênio, que acontece no dia 26 num salão da mítica fábrica de El Laguito, uma antiga mansão burguesa onde hoje são produzidos os charutos mais caros de Cuba, da marca Cohiba.
Para essa noitada está prometido um grande banquete com vinhos de primeira. Mas não é o que costuma acontecer -uma festa semelhante no início do ano passado foi descrita por um presente como tendo vinhos medíocres e pratos intragáveis. O que não é de estranhar, dado o compreensivelmente limitado know-how existente no país em matéria de recepções elegantes e gastronômicas.
Mesmo assim, o público parece se importar pouco, pois costuma delirar com o prato principal: os charutos raros servidos antes e depois da refeição.
Na ceia deste ano, prevista para 2.000 pessoas, a grande atração são dois charutos inéditos de marcas consagradas, que serão lançados no evento e experimentados em primeira mão no jantar: o Cohiba no formato torpedo e o Montecristo no formato robusto.
Outro atrativo da noite: o sorteio de um exemplar do já mítico humidor (caixa de charuto climatizada) Millennium. Produzida em apenas 21 unidades (assinadas por Fidel Castro), vendida pelo preço de US$ 100 mil, a caixa contém 2.000 charutos compreendendo 20 marcas e 185 bitolas.
Eventos desse tipo têm tido o dom de atrair aficionados de todo o mundo (especialmente da Europa, onde se concentra o maior mercado de charutos cubanos -lá dentro é a Espanha a campeã).
Além disso, conseguem até mesmo desafiar a ordem vigente norte-americana, onde o consumo -e a mera existência- de qualquer produto cubano (charutos inclusive) é totalmente perseguida pelas autoridades, assim como viagens a Cuba são dificultadas ao máximo. O que não impediu que astros de Hollywood como Matt Dylon estivessem presentes no jantar realizado ano passado.
Aliás, como sempre, este ano está sendo esperada a presença de Arnold Schwarzenegger no evento, especialmente na ceia. E, também como sempre quando acontece qualquer coisa de importante em Cuba, todos dizem que é quase certa a presença de Fidel Castro. O que quase sempre não acontece.
As inscrições para o Habanos'99 vão até o dia 30, segundo a agência Galazio, que está organizando um pacote para levar brasileiros saindo de São Paulo e do Rio.


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