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Tadeu Jungle usará "câmara-carne"
DA REPORTAGEM LOCAL
Artista multimídia, com ênfase
na linguagem do vídeo, Tadeu
Jungle assina a direção da gravação do Festival Teatro Oficina.
Tem conhecimento de causa:
acompanha o trabalho do grupo
há 20 anos, invariavelmente com
uma câmara na mão.
Jungle, 44, guarda imagens da
montagem de "Ham-Let" (93),
por exemplo, todas captadas por
câmara fixa.
"Considero o Zé Celso um farol
na minha trajetória, acompanhei
todas as suas peças nestas duas
décadas e, sempre que pude, contribuí com o olhar do vídeo", diz.
Habituado ao que define como
"câmara-olho", Jungle vai adotar
a "câmara-carne" na gravação
dos espetáculos.
Além de usar seis câmaras digitais para duas sessões de cada
uma das montagens ("Boca de
Ouro" será gravada nos dias 10 e
11 de março, por exemplo), haverá o contraponto da "câmara-carne", ou seja, uma única câmara
que captará imagens durante outras apresentações, elegendo o
trabalho de interpretação como
foco. Nos dias das gravações, o internauta poderá assistir ao espetáculo ao vivo, pela TV UOL.
"Com os recursos do DVD, a
edição pode, em determinado
momento de um monólogo, por
exemplo, dar um close na boca de
um ator, com imagens da câmara-carne", diz Jungle.
Para o diretor, a transposição da
arte da representação nos palcos,
efêmera por natureza, para um
suporte que lhe conceda a eternidade (a tecnologia do DVD), remete, de certa forma, ao diálogo
que a televisão brasileira estabeleceu com o teatro nos anos 60 e 70
por meio dos teleteatros.
"Eu gostaria muito de poder
ver, hoje, peças que marcaram a
história do nosso teatro, como
"Rei da Vela" (67). Há um lado da
memória que é inequívoco. Agora, nesse projeto específico, cabe
imprimir uma outra leitura, a começar pela ausência do palco italiano", afirma Jungle.
Assista à peça e leve a fita em
DVD ou VHS. Jungle acredita que
a frase corrente em teatros da Europa e dos EUA será incorporada
pelos espectadores brasileiros.
Estão previstas tiragens de 500
unidades em DVD e mil em VHS
para cada espetáculo. "Adoraríamos tirar 1 milhão, mas não somos Sandy & Júnior", afirma o
ator Marcelo Drummond.
A direção de fotografia será de
Ricardo Della Rosa; a direção de
TV, de Hugo Prata. As câmaras
serão operadas por profissionais
"vip", segundo Jungle, como Oscar Rodrigues Alves e Dib Luft, este vindo do Rio e com filmes de
Glauber Rocha no currículo.
O projeto de gravação é do Instituto Cultural Mais, "braço cultural" da Academia de Filmes, produtora da qual Jungle é sócio.
"O apoio da Petrobras é fruto do
trabalho espetacular comandado
por Zé Celso no teatro brasileiro",
afirma o diretor de marketing da
empresa, Sérgio Bandeira de Mello. O patrocínio de é de R$ 1,3 milhão, sob a Lei Rouanet.
(VS)
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