São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 2001

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Tadeu Jungle usará "câmara-carne"

DA REPORTAGEM LOCAL

Artista multimídia, com ênfase na linguagem do vídeo, Tadeu Jungle assina a direção da gravação do Festival Teatro Oficina.
Tem conhecimento de causa: acompanha o trabalho do grupo há 20 anos, invariavelmente com uma câmara na mão.
Jungle, 44, guarda imagens da montagem de "Ham-Let" (93), por exemplo, todas captadas por câmara fixa.
"Considero o Zé Celso um farol na minha trajetória, acompanhei todas as suas peças nestas duas décadas e, sempre que pude, contribuí com o olhar do vídeo", diz.
Habituado ao que define como "câmara-olho", Jungle vai adotar a "câmara-carne" na gravação dos espetáculos.
Além de usar seis câmaras digitais para duas sessões de cada uma das montagens ("Boca de Ouro" será gravada nos dias 10 e 11 de março, por exemplo), haverá o contraponto da "câmara-carne", ou seja, uma única câmara que captará imagens durante outras apresentações, elegendo o trabalho de interpretação como foco. Nos dias das gravações, o internauta poderá assistir ao espetáculo ao vivo, pela TV UOL.
"Com os recursos do DVD, a edição pode, em determinado momento de um monólogo, por exemplo, dar um close na boca de um ator, com imagens da câmara-carne", diz Jungle.
Para o diretor, a transposição da arte da representação nos palcos, efêmera por natureza, para um suporte que lhe conceda a eternidade (a tecnologia do DVD), remete, de certa forma, ao diálogo que a televisão brasileira estabeleceu com o teatro nos anos 60 e 70 por meio dos teleteatros.
"Eu gostaria muito de poder ver, hoje, peças que marcaram a história do nosso teatro, como "Rei da Vela" (67). Há um lado da memória que é inequívoco. Agora, nesse projeto específico, cabe imprimir uma outra leitura, a começar pela ausência do palco italiano", afirma Jungle.
Assista à peça e leve a fita em DVD ou VHS. Jungle acredita que a frase corrente em teatros da Europa e dos EUA será incorporada pelos espectadores brasileiros.
Estão previstas tiragens de 500 unidades em DVD e mil em VHS para cada espetáculo. "Adoraríamos tirar 1 milhão, mas não somos Sandy & Júnior", afirma o ator Marcelo Drummond.
A direção de fotografia será de Ricardo Della Rosa; a direção de TV, de Hugo Prata. As câmaras serão operadas por profissionais "vip", segundo Jungle, como Oscar Rodrigues Alves e Dib Luft, este vindo do Rio e com filmes de Glauber Rocha no currículo.
O projeto de gravação é do Instituto Cultural Mais, "braço cultural" da Academia de Filmes, produtora da qual Jungle é sócio.
"O apoio da Petrobras é fruto do trabalho espetacular comandado por Zé Celso no teatro brasileiro", afirma o diretor de marketing da empresa, Sérgio Bandeira de Mello. O patrocínio de é de R$ 1,3 milhão, sob a Lei Rouanet. (VS)


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