IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Vai ter ópera, balé, solistas internacionais, música popular e alguns dos principais regentes brasileiros. Às vésperas de completar 37 anos de idade, o maestro Cláudio Cruz anuncia uma programação ambiciosa para a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, da qual é regente titular desde novembro do ano passado.
Com cerca de 90 integrantes, com salários em torno de R$ 2.300, a orquestra celebra em 2004 seu 30º aniversário, que coincide com as comemorações dos 230 anos da cidade.
Além dos R$ 4 milhões provenientes dos cofres do município, a programação tem patrocinadores como a Petrobras, que vai custear, em setembro, a montagem da ópera "Lo Schiavo", de Carlos Gomes, com direção cênica de Pier Francesco Maestrini e elenco de destacadas vozes nacionais, encabeçado pelo barítono Sebastião Teixeira (Iberê) e contando com Eiko Senda (Ilara), Fernando Portari (Américo) e Rosana Lamosa (Condessa de Boissy).
"Tive um pouco de sorte. Quando cheguei, a reestruturação da orquestra já estava em andamento. Há um projeto em votação na Câmara Municipal que vai regularizar funções e salários", diz Cruz. "Além disso, em março, deve ser feito um concurso para preencher as lacunas da orquestra, especialmente nos violinos."
"Spalla" (líder dos violinos) da Osesp e do Quarteto Amazônia (com o qual ganhou o Grammy Latino), e violinista solista conceituado (toca, neste ano, o concerto de Brahms no Municipal de São Paulo), Cláudio Cruz começou a reger há oito anos. Em 2004, além das apresentações da Sinfônica de Campinas, dirige dez concertos de câmera da Osesp.
"Ao chegar aqui, encontrei os músicos em clima de desestímulo e com crise de auto-estima, o que já mudou nos primeiros ensaios", diz o maestro, que atribui a suas boas conexões no meio musical o fato de ter conseguido montar uma programação com muitos convidados de expressão. "Agradeço aos amigos que vêm reger e tocar em Campinas, prestigiando meu primeiro ano à frente da orquestra."

Convidados
A abertura da temporada campineira acontece em 13 de março, com um programa russo, sob a batuta de Cruz, destacando a violoncelista Tatiana Vassilieva, que sola nas "Variações sobre um tema rococó", de Tchaikovski.
Entre os outros solistas convidados do ano, destaque para o também violoncelista Antonio Meneses, pernambucano radicado na Suíça, que toca o concerto de Dvorák, em abril; e para o pianista coreano Dang Thai Son, que apresenta Mendelssohn em maio.
A lista de regentes convidados destaca John Neschling, o todo-poderoso da Osesp, em novembro; Roberto Minczuk, seu assistente, em agosto, fazendo a "Sagração da Primavera", em agosto; e o norte-americano Ira Levin, do Municipal de São Paulo, que, em outubro, tem o desafio de levar a terras campineiras a monumental "Sinfonia nº 6", de Mahler.
Dialogando com a música popular e de tradição oral, a orquestra deve se apresentar com nomes como Nelson Ayres e seu trio, os violeiros Ivan Vilela e Paulo Freire e os grupos Anima e Carcoarco.
Para outubro, estão previstas duas apresentações de balé. A primeira, voltada para as crianças, deve trazer versões coreografadas, e com participação de narrador, do "Carnaval dos Animais", de Saint-Saëns, e "Pedro e o Lobo", de Prokofiev; a segunda, no final do ano, é a reprise do "Quebra-Nozes", de Tchaikovski, que fechou a programação de 2003.
A orquestra deve fazer ainda uma série de concertos didáticos e, fora do Teatro Castro Mendes, que vai abrigar as apresentações da temporada, uma série de performances para a comunidade, dentro de um programa de formação de platéias que vai contemplar concertos em locais como escolas e igrejas.