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VERÃO SEM FIM
Disco inacabado de Brian Wilson se baseia no "ser americano" e na concorrência com britânicos nos anos 60
Conceito de "Smile" abarca história dos Estados Unidos
DA "INTERNATIONAL FEATURE AGENCY"
Em toda a história do rock, repleta de lendas sobre oportunidades e discos perdidos, nada se
compara ao grande álbum perdido dos Beach Boys, "Smile". A
idéia de Brian Wilson voltar a ele e
terminá-lo, mais de 37 anos depois, é simplesmente estarrecedora. Embora seu equilíbrio mental
e emocional tenha melhorado,
sua fragilidade ainda é evidente.
Quando pergunto qual foi a reação quando voltou a ouvir as fitas
de "Smile", ele diz, olhando para o
longe: "Elas me levaram de volta à
época em que fiz a música". Foi
uma época boa para voltar? Ele dá
um sorriso nervoso. "Não."
E tudo estava indo tão bem:
com a canção "Good Vibrations"
tornando-se número um de ambos os lados do Atlântico, os
Beach Boys haviam passado os
Beatles para liderar a pesquisa
"Banda do Ano" do semanário inglês "NME". Deixado por conta
própria no estúdio, Brian vivia
um momento criativo ótimo.
Quando ainda estava fazendo
seu maior clássico, o disco ""Pet
Sounds", ele formou uma parceria com um compositor, pianista
clássico e ex-ator mirim desconhecido, de 22 anos, chamado
Van Dyke Parks.
"A música possui sua sintaxe
própria, e Brian se comunica muito bem e muito claramente através da música. A primeira coisa
que fizemos foi "Heroes & Villains". Nós dois nos sentamos ali e
em cinco horas tínhamos a música inteira pronta. Depois daquilo,
todo o mundo ficou interessado
em nosso potencial, e aquilo ganhou mais importância do que
qualquer um de nós imaginava."
E de onde saíram os temas de
"Smile"?
Parks insiste que a tentativa de
criar um disco que encapsulasse a
música e história americanas, do
Dixieland à Disney, da raça à religião, de Phil Spector ao faroeste,
de Gershwin ao grande incêndio
de Chicago, foi tanto idéia de
Brian quanto dele. "Dois caras estavam numa sala e decidiram que
-apesar dos Beatles e do Vietnã,
apesar de tudo- seriam americanos. Havia essa competição filial
tremenda com os britânicos."
A história se divide sobre a razão precisa pela qual Brian abandonou "Smile", mas a maioria das
pessoas concorda que o surgimento nas paradas do álbum de
conceito experimental "Sgt. Pepper's", dos Beatles, antes de Brian
concluir o seu, teve algo a ver. Tudo o que Brian diz é que "não queríamos que saísse porque achamos que era estranho demais".
Se "Smile" tivesse saído antes de
"Sgt. Pepper", poderia ter mudado o rumo da história da música
-ou, com certeza, a maneira como as pessoas enxergavam os
Beach Boys. A expressão de Brian
fica sombria. "Não", diz ele, "Sgt.
Peppers" também era ótimo".
Brian não tem muito mais a dizer sobre a ressurreição recente de
"Smile". Ele diz que foi tudo idéia
de sua mulher Melinda e que o tecladista Darian Sahajana foi quem
localizou as fitas, as transferiu para seu laptop e as tocou para que
Brian pudesse trabalhar com elas.
Ele também atribui crédito a Van
Dyke Parks, a quem convidou para juntos concluírem sua sinfonia.
Mas Melinda, Sahajana e Parks
dizem que Brian fez a maior parte
do trabalho e que ele apenas gosta
de desviar a atenção dele mesmo.
"Sol e mar, era isso que os Beach
Boys cantavam", disse Brian
quando pedi a ele que resumisse
aquelas canções atemporais que
ele afirma não mais ouvir, a não
ser que esteja cantando uma delas
no palco. E se às vezes elas soam
como uma sombra sob o sol?
"Isso é estranho. Não sei o que
quer dizer. Que há uma tristeza
nelas? Rock'n'roll e tristeza juntos? Sim, é isso mesmo."
Tradução de Clara Allain
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