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CINEMA/ESTRÉIAS
"HOMENS DE HONRA"
Cuba Gooding Jr., vencedor do Oscar de coadjuvante, defende personagem vítima de preconceito
Filme mergulha no racismo da Marinha
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Depois de ser lançado por John
Singleton em "Boyz 'N the Hood
-°Os Donos de Rua", em 91, Cuba
Gooding Jr. viveu o jogador de futebol norte-americano agenciado
por Tom Cruise em "Jerry Maguire" e, com ele, faturou o prêmio
máximo do cinema em 97.
Mas é somente agora, na pele de
Carl Brashear -o primeiro negro
a se tornar um mergulhador na
Marinha norte-americana e o primeiro amputado (ele perdeu a
perna em um acidente de trabalho em 66) a ser promovido a chefe-, que o ator interpreta seu papel mais importante. Para ele, a
vida de Carl Brashear jamais poderia deixar de ser contada. "O
papel me conquistou porque a intolerância racial é abordada de
forma direta e a solução fica longe
dos socos e pontapés."
Questionado sobre o racismo
que orbita por Hollywood, Gooding Jr. disse que, da mesma forma que Brashear ignorou as
agressões, atores negros devem
parar de falar sobre o problema e
lutar por um lugar ao sol.
"Você deve imaginar que, porque ganhei um Oscar, chovem roteiros em minha mesa, certo? Mas
não é assim. Ainda são poucos os
papéis dados a negros em Hollywood. Se o roteiro não especifica a
cor do personagem, subentende-se que ele é branco."
Gooding Jr. discorda da forma
agressiva que Spike Lee trata a
questão. "Sei que ele quer apenas
passar uma mensagem pertinente
e importante, mas às vezes acho
que exagera na forma."
Casado com uma mulher branca, Cuba Gooding Jr. não nega
que seus filhos sejam alvo de brincadeiras de mau gosto por causa
da cor da pele, mas que, quando a
mensagem dada por filmes como
"Homens de Honra" ecoar além
de Hollywood, o cenário será outro. "Na hora certa, meus filhos
entenderão que nada disso importa, e que o fundamental é o
que somos e conquistamos."
No filme, Gooding Jr. divide a
tela com Robert De Niro. "Claro
que contracenar com De Niro é
assustador, mas inacreditável foi
sentir a mesma coisa por Cruise,
ter que fazer meu personagem se
impor ao dele e ainda levar um
Oscar por isso."
Para viver Brashear, Gooding Jr.
conversou com o personagem
real, hoje um homem de 70 anos.
"Ele não tem arrependimentos,
mágoas ou traumas. Isso é extraordinário se levarmos em conta as humilhações pelas quais ele
passou. Na pele dele, eu teria desistido no primeiro ato."
(MILLY LACOMBE)
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