São Paulo, sexta-feira, 23 de março de 2001

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MUNDO GOURMET

Largo de Pinheiros esconde boa comida nordestina

JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA

Soube do restaurante Rainha do Norte pelos meus colegas do Guia da Folha. Cheirava bem: simples, barato, brasileiro e gostoso. Qualquer visita ao lugar confirma essa impressão. É totalmente despojado, mesmo.
Nasceu como empório de produtos do Nordeste, dirigido pelo casal Adalberto Elias da Silva e Maria das Neves Bezerra, há 20 anos ao lado do largo de Pinheiros.
As prateleiras continuam lá, vendendo rapadura, queijo de coalho, carne-de-sol, camarão seco e doce de jaca. O lugar é mais limpo do que poderia supor sua localização, numa rua de comércio popular. Azulejos até o teto, teto sem mofo, banheiro sem mau-cheiro embora em porta aberta entre mosca.
Ladeados pelas prateleiras, há um balcão e poucas mesas, onde os pratos são servidos do jeito brasileirinho, o prato-feito abarrotado. Preparados pela proprietária, dona Maria, paraibana de 54 anos e gorrinho higiênico na cabeça. Em São Paulo desde 1967, está há 25 anos no ramo (primeiro em Guarulhos). Sua comida surpreende nos detalhes.
Carne-de-sol macia? Pois é. Vem da Bahia e no preparo ganha maciez, além de não ser esturricada. Coentro como aromático? Então: o feijão-de-corda (que é misturado com farinha e cebola) tem o coentro discreto, que, como a manteiga de garrafa, dá gosto sem assustar. Cabrito desmanchando? Também tem, cozido lentamente, com seus temperinhos. Buchada de bode, bem, esta só sob encomenda.
Todos os dias tem feijão-de-corda e arroz com carne-de-sol, cabrito ou mocotó. O sarapatel (miúdos de porco) e a galinha caipira, somente sexta e sábado. Os pratos, quando pecam, é pela pouca intensidade, não pelo excesso, que às vezes agride a cozinha regional.
Se você pedir a melhor cachaça da casa vai receber a Rainha, da Paraíba, um perigo, rude e alcoólica. A pimenta que fica sobre a mesa é industrial e em vidros encardidos. Nem tudo são flores.


Cotação: $°Avaliação: regular
Restaurante: Rainha do Norte
Endereço: r. Paes Leme, 46, Pinheiros, tel. 0/xx/11/3814-8410
Horário: de seg. a sáb., das 8h às 21h
Ambiente: muito simples, mas limpinho
Serviço: quase familiar
Cozinha: nordestina, sem excessos
Quanto: pratos principais, R$ 6,50; sobremesas, R$ 7,50
$ (até R$ 22); $$ (de R$ 22,01 a R$ 42); $$$ (de R$ 42,01 a R$ 62); $$$$ (acima de R$ 62). Avaliação: excelente    ; ótimo   ; bom  ; regular (sem estrela); ruim  




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