FRANCESCA ANGIOLILLO
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

"A história da Santa Casa de Misericórdia se confunde muito com a história da sociedade baiana", diz o arquiteto Paulo Ormindo, 60, responsável pela recuperação da sede da instituição, no centro histórico de Salvador.
Um pedaço dessa história se registra na coleção de retratos -provedores e benfeitores da Santa Casa- que consta do acervo da instituição. Ao lado de imagens sacras, parte desses retratos de época estará em exibição na mostra aberta ao público hoje.
Os visitantes poderão também conhecer o Ateliê de Restauro -que funciona no edifício, sob o comando pelo argentino Domingo Tellechea, 66- onde se recupera o acervo da Santa Casa.
As peças, do período entre os séculos 17 e 19, foram restauradas dentro da primeira fase do projeto Portal da Misericórdia.
Nesta primeira etapa, que se encerra em abril, foram recuperados o telhado da sede e bens móveis -os 26 quadros e uma das duas imagens expostas (a outra é exibida sem restauro, para que o público dimensione os resultados).
Uma segunda etapa prevê restauro e ampliação da sede, que sofre em alguns pontos de problemas estruturais. No entanto, como o edifício, construído entre os séculos 16 e 17, é tombado, as obras aguardam aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Na mostra que se inaugura hoje, estão ainda painéis que contam a história da Santa Casa e explicam o processo de restauro das obras.
O projeto Portal da Misericórdia visa não só recuperar o edifício-sede mas também criar sustentabilidade para a instituição.
Para tanto, está sendo recuperado também um conjunto de cinco casas, pertencentes à Santa Casa, em frente ao edifício-sede.
O aluguel comercial do casario -convertido em Boulevard da Misericórdia- vai gerar renda para a instituição, que mantém um hospital, uma creche e um cemitério. O coordenador-executivo do projeto, Paulo Avena, 46, espera que a Santa Casa arrecade cerca de R$ 50 mil mensais.
Em abril, devem entrar em funcionamento, nas duas primeiras casas recuperadas, lojas, restaurantes e uma ala educacional do Instituto de Hospitalidade -ONG que forma profissionais do setor turístico, além de estimular o desenvolvimento sustentado de lugares com potencial turístico, como é o caso da própria Santa Casa de Misericórdia da Bahia.