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"Ficar mexendo nisso é doloroso"
DA REPORTAGEM LOCAL
O culto a Renato Russo é, também, um assunto de negócios. Legião Urbana tem sido uma fonte
constante de lucro à gravadora
EMI, que criou, fez crescer e viu
morrer a arte e o fetiche em torno
de banda e líder. Torna-se âncora
segura em tempos de crise da indústria musical, como o de agora.
O vice-presidente de marketing
da EMI, André Matalon, defende
a relevância artística de seus produtos póstumos: "Muitos jovens
que gostam da Legião podem não
ter a noção da dimensão que a
banda teve e tem até hoje".
Ele defende que há ineditismo
em mais um show ao vivo transformado em CD, como acontecerá no fim do mês: "Faixas como
"Angra dos Reis", "O Reggae" e
"Quase sem Querer" jamais saíram
em discos ao vivo. Não se trata de
só mais um lançamento, já que
tudo que a Legião fez ou tocou para nós e os fãs é muito relevante".
Rafael Borges, empresário em
toda a carreira da Legião, defende
os lançamentos como arqueologia. "Não dá para pensar se Renato aprovaria ou não se estivesse
aqui. Se estivesse não haveria,
porque seria obra em andamento.
Agora é o dado histórico que é relevante, se existe um sítio arqueológico ele deve ser explorado."
Borges é o único a mirar o que
pode haver de incômodo em tanta escavação. "Imagino que deve
ser duro para Dado e Marcelo.
Até para mim mexer nisso é doloroso. Mas é inevitável."
(PAS)
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