São Paulo, segunda-feira, 23 de março de 2009

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Desenhos nacionais estreiam na TV

Financiadas pelo BNDES, que divulga o projeto hoje, três produções já fecharam acordos de exibição

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Animações gringas como "Os Simpsons", "Bob Esponja" e "Pokémon" poderão, finalmente, ter a companhia de desenhos animados nacionais em TVs brasileiras.
Financiadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), pelo menos três produções brasileiras já fecharam acordos -ou estão em fase final de negociação- para exibição em canais pagos e na TV aberta.
No dia 20 de abril, por exemplo, o canal Discovery Kids estreia, no Brasil, a série "Peixonautas", produzida pela TV Pinguim, com sede em São Paulo. Será a primeira produção animada brasileira a ocupar um espaço no canal, que foi um dos coprodutores da série.
Outra produção nacional com estreia prevista para fevereiro do ano que vem é o desenho animado "Meu Amigãozão", produzido pela carioca 2DLab. A série já foi negociada com o Discovery Kids América Latina e com a TV Brasil.
O terceiro desenho já em fase final de negociação com canais pagos e uma TV aberta brasileira é "Escola pra Cachorro", da produtora paulista Mixer.
Em comum esses três projetos têm o fato de terem recebido financiamento do BNDES (R$ 2 milhões financiados e R$ 1,5 milhão não reembolsáveis) e se aliado a produtoras internacionais (no caso, canadenses), uma exigência do banco estatal brasileiro para garantir que as séries sejam exibidas também no exterior.
O caminho de desenhos animados brasileiros até a programação infantil no Brasil nunca foi simples, já que as televisões nacionais preferem comprar os direitos de exibição de animações que já foram veiculadas em outros países. Isso as torna mais baratas e com a vantagem de já terem sido testadas em algum lugar.
A dificuldade de encontrar um mercado, no entanto, tem deixado os produtores brasileiros de fora de um setor que tem crescido bastante. Uma estimativa citada pelo BNDES feita pela revista "KidScreen" -focada no mercado de entretenimento infantil- indica que o mercado de desenhos animados no mundo cresceu de US$ 8 bilhões em 1995 para US$ 80 bilhões em 2006.
Segundo a chefe do Departamento de Economia da Cultura do BNDES, Luciane Gorgulho, além da geração de empregos de alta qualificação, uma das vantagens de investir no financiamento desse setor (o banco é o segundo maior patrocinador do cinema nacional, atrás apenas da Petrobras) é que os desenhos têm maior potencial de venda para diferentes países, pois, uma vez dublados, as crianças não os identificam como produções estrangeiras.
"Sabemos que há talentos no Brasil, mas muitos acabam saindo do país e vão trabalhar em produtoras estrangeiras, em um típico caso de "braindrain" [fuga de cérebros]. Queremos ver produtos onde a criação e a produção seja feita em maior parte no Brasil, gerando empregos aqui, mas que tenham parcerias internacionais para facilitar sua venda para diferentes mercados", afirma Gorgulho.


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