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Desenhos nacionais estreiam na TV
Financiadas pelo BNDES, que divulga o projeto hoje, três produções já fecharam acordos de exibição
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Animações gringas como "Os
Simpsons", "Bob Esponja" e
"Pokémon" poderão, finalmente, ter a companhia de desenhos animados nacionais em
TVs brasileiras.
Financiadas pelo BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
pelo menos três produções brasileiras já fecharam acordos
-ou estão em fase final de negociação- para exibição em canais pagos e na TV aberta.
No dia 20 de abril, por exemplo, o canal Discovery Kids estreia, no Brasil, a série "Peixonautas", produzida pela TV
Pinguim, com sede em São
Paulo. Será a primeira produção animada brasileira a ocupar um espaço no canal, que foi
um dos coprodutores da série.
Outra produção nacional
com estreia prevista para fevereiro do ano que vem é o desenho animado "Meu Amigãozão", produzido pela carioca
2DLab. A série já foi negociada
com o Discovery Kids América
Latina e com a TV Brasil.
O terceiro desenho já em fase
final de negociação com canais
pagos e uma TV aberta brasileira é "Escola pra Cachorro", da
produtora paulista Mixer.
Em comum esses três projetos têm o fato de terem recebido financiamento do BNDES
(R$ 2 milhões financiados e
R$ 1,5 milhão não reembolsáveis) e se aliado a produtoras
internacionais (no caso, canadenses), uma exigência do banco estatal brasileiro para garantir que as séries sejam exibidas
também no exterior.
O caminho de desenhos animados brasileiros até a programação infantil no Brasil nunca
foi simples, já que as televisões
nacionais preferem comprar os
direitos de exibição de animações que já foram veiculadas
em outros países. Isso as torna
mais baratas e com a vantagem
de já terem sido testadas em algum lugar.
A dificuldade de encontrar
um mercado, no entanto, tem
deixado os produtores brasileiros de fora de um setor que tem
crescido bastante. Uma estimativa citada pelo BNDES feita
pela revista "KidScreen" -focada no mercado de entretenimento infantil- indica que o
mercado de desenhos animados no mundo cresceu de US$ 8
bilhões em 1995 para US$ 80
bilhões em 2006.
Segundo a chefe do Departamento de Economia da Cultura
do BNDES, Luciane Gorgulho,
além da geração de empregos
de alta qualificação, uma das
vantagens de investir no financiamento desse setor (o banco é
o segundo maior patrocinador
do cinema nacional, atrás apenas da Petrobras) é que os desenhos têm maior potencial de
venda para diferentes países,
pois, uma vez dublados, as
crianças não os identificam como produções estrangeiras.
"Sabemos que há talentos no
Brasil, mas muitos acabam
saindo do país e vão trabalhar
em produtoras estrangeiras,
em um típico caso de "braindrain" [fuga de cérebros]. Queremos ver produtos onde a
criação e a produção seja feita
em maior parte no Brasil, gerando empregos aqui, mas que
tenham parcerias internacionais para facilitar sua venda para diferentes mercados", afirma Gorgulho.
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