São Paulo, segunda, 23 de março de 1998

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Batalha noturna

HELOISA SEIXAS

Ela tem medo de dormir. Vira-se na cama, sob as cobertas. Tem sono, mas não adormece. Não se deixa vencer, está sempre à espreita. Não será assim tão fácil, pensa. Não será uma luta qualquer. Eles terão de vir buscá-la num momento de distração, mas isso ainda vai demorar muito a acontecer. Eles verão. Ela não é boba. Não vai esmorecer. Seus olhos estão pesados. Mas não, ela não vai deixar. Vai continuar lutando. Sabe que ao menor sinal de fraqueza, ao mínimo piscar de olhos -eles chegarão para levá-la. Não, ela ainda vai lutar muito. Muito. Muito. Eles verão. Verão.



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