São Paulo, segunda, 23 de março de 1998

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Eduardo Gudin e o grupo "Notícias Dum Brasil" gravam CD

especial para a Folha

Parece que o compositor, arranjador e violonista Eduardo Gudin, 47, nasceu em São Paulo para contrariar a célebre frase dita pelo poeta Vinícius de Moraes: "São Paulo é o túmulo do samba".
Suas composições foram gravadas por Gal Costa, Clara Nunes, Beth Carvalho, Originais do Samba, Jair Rodrigues, MPB 4, entre outros.
Gudin e os cinco solistas que formam o grupo vocal Notícias Dum Brasil, entre eles Maria Martha, está finalizando seu décimo CD, "Prá Tirar o Chapéu", para lançá-lo em abril.
As participações de Leila Pinheiro, Vânia Bastos e Guinga serão engordadas pelo som de Toninho Pinheiro, bateria; Arismar do Espírito Santo, baixo; Jorginho Cebion, percussão; Marcelo Jaffé, viola e Ronen Altman, bandolim.
Leia, a seguir, trechos da entrevista concedida por Gudin.

Folha - São Paulo é o túmulo do Samba?
Eduardo Gudin -
Isso foi uma força de expressão do Vinícius, que não deve merecer tanta atenção. Toda expressão que é muito boa em si faz com que as pessoas queiram torná-la verdadeira. Quando Vinícius disse isso, era a época do Fino da Bossa e da Bienal do Samba, em São Paulo. Portanto, não acho que a cidade mereça isso. O que eu acho é que o Rio de Janeiro é a terra do samba. A diferença entre São Paulo e Rio, em samba, é a seguinte: fiz um disco chamado "Beth Carvalho Canta Samba de São Paulo - Volume Um". No Rio, daria para fazer volume duzentos, porque tem muito mais gente lá que faz samba. Agora, quem faz aqui, faz bem. Para mim, o melhor samba, na linha do Moreira da Silva, que poderia ter sido cantado por ele, como se fosse dele, é o "Brigando na Lua", feito por dois paulistas: o Wandi e o Mário Manga, do grupo Premeditando o Breque. São Paulo duvida demais dos próprios artistas.
Folha - Como você define seu trabalho?
Gudin -
É um trabalho feito por Eduardo Gudin e o Notícias Dum Brasil. Faço uma música popular, que passou a ser direcionada a um público específico pelo fato de ser música brasileira de qualidade. De um tempo para cá, o samba, que a gente sempre conheceu como popular, passou a ser estranhamente segmentado pelo mercado. Isso dificulta o acesso do grande público ao meu trabalho. (CBJ)



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