|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Eduardo Gudin e o grupo "Notícias Dum Brasil" gravam CD
especial para a Folha
Parece que o compositor, arranjador e violonista Eduardo Gudin,
47, nasceu em São Paulo para contrariar a célebre frase dita pelo
poeta Vinícius de Moraes: "São
Paulo é o túmulo do samba".
Suas composições foram gravadas por Gal Costa, Clara Nunes,
Beth Carvalho, Originais do Samba, Jair Rodrigues, MPB 4, entre
outros.
Gudin e os cinco solistas que formam o grupo vocal Notícias Dum
Brasil, entre eles Maria Martha,
está finalizando seu décimo CD,
"Prá Tirar o Chapéu", para lançá-lo em abril.
As participações de Leila Pinheiro, Vânia Bastos e Guinga serão
engordadas pelo som de Toninho
Pinheiro, bateria; Arismar do Espírito Santo, baixo; Jorginho Cebion, percussão; Marcelo Jaffé,
viola e Ronen Altman, bandolim.
Leia, a seguir, trechos da entrevista concedida por Gudin.
Folha - São Paulo é o túmulo do
Samba?
Eduardo Gudin - Isso foi uma
força de expressão do Vinícius,
que não deve merecer tanta atenção. Toda expressão que é muito
boa em si faz com que as pessoas
queiram torná-la verdadeira.
Quando Vinícius disse isso, era a
época do Fino da Bossa e da Bienal
do Samba, em São Paulo. Portanto, não acho que a cidade mereça
isso. O que eu acho é que o Rio de
Janeiro é a terra do samba. A diferença entre São Paulo e Rio, em
samba, é a seguinte: fiz um disco
chamado "Beth Carvalho Canta
Samba de São Paulo - Volume
Um". No Rio, daria para fazer volume duzentos, porque tem muito
mais gente lá que faz samba. Agora, quem faz aqui, faz bem. Para
mim, o melhor samba, na linha do
Moreira da Silva, que poderia ter
sido cantado por ele, como se fosse
dele, é o "Brigando na Lua", feito
por dois paulistas: o Wandi e o
Mário Manga, do grupo Premeditando o Breque. São Paulo duvida
demais dos próprios artistas.
Folha - Como você define seu trabalho?
Gudin - É um trabalho feito por
Eduardo Gudin e o Notícias Dum
Brasil. Faço uma música popular,
que passou a ser direcionada a um
público específico pelo fato de ser
música brasileira de qualidade. De
um tempo para cá, o samba, que a
gente sempre conheceu como popular, passou a ser estranhamente
segmentado pelo mercado. Isso dificulta o acesso do grande público
ao meu trabalho.
(CBJ)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|