São Paulo, segunda, 23 de março de 1998

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MNBA usa "truques" para reter visitante

da Sucursal do Rio

Uma sala destinada às crianças e uma mostra paralela de artistas brasileiros foram incluídas na exposição de Dalí como estratégia para "segurar" o visitante no MNBA (Museu Nacional de Belas Artes) pelo maior tempo possível.
Na sala infantil, a língua de uma enorme caricatura do rosto de Dalí servirá de escorregador para as crianças, que passarão também por um túnel e uma floresta de borboletas.
Os relógios que derretem, imagem clássica do quadro "A Persistência da Memória", ausente da exposição, darão forma a um colchão de plástico sobre o qual as crianças poderão pular.
Na entrada, o visitante poderá ver um filme de três minutos sobre a vida de Dalí. Passará depois por um túnel iluminado e decorado com fotos do artista.
"A idéia é dar um ar surrealista a todo o museu", diz o designer Luiz Sergio Bittencourt. Para a fachada do museu, Bittencourt planejou um painel fotográfico gigante do rosto de Dalí.
Os organizadores esperam superar o público da exposição Monet no Rio, de aproximadamente 400 mil pessoas.
A exposição tem um custo total avaliado em US$ 4 milhões. Só os produtores internacionais, coordenados por Ernesto Texo, investiram US$ 1 milhão.
"É novidade que o investidor faça um investimento prévio tão grande, mas achamos que o Brasil tem um potencial enorme para o mercado de arte. Esperamos obter um bom retorno de bilheteria e de produtos com a marca Dalí", afirma Texo.
A renda de bilheteria e venda de produtos será dividida entre os produtores internacionais (70%) e o MNBA (30%). Estarão à venda cartões, camisetas, cartazes e um CD-ROM com a obra de Dalí.
Para a mostra paralela, intitulada "Universo Fantástico", foram selecionados artistas que abordaram em suas obras o inconsciente, a fantasia e os sonhos. O destaque é um manto criado pelo artista plástico Arthur Bispo do Rosário, que viveu e morreu num hospital psiquiátrico no Rio.
"Sempre tentamos fazer uma ligação entre as grandes exposições e a arte brasileira. Como não temos artistas surrealistas, optamos por exibir peças de artistas que trabalharam com o inconsciente", afirma Heloísa Lustosa, diretora do MNBA.



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