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SHAKESPEARE IN LOBBY
Especulações sobre campanha da Miramax (10 estatuetas recebidas em 20) voltam a ganhar força
"Oscar do dinheiro" causa polêmica
ADRIANE GRAU
enviada especial a Los Angeles
CLÁUDIO CASTILHO
especial para a Folha, em Los Angeles
Os estúdios Miramax ganharam
10 dos 20 Oscar a que seus dois filmes, "Shakespeare Apaixonado" e
"A Vida É Bela", concorriam, entre
eles as de filme e atriz (para "Shakespeare" e Gwyneth Paltrow) e
ator (para Roberto Benigni).
O fato de o concorrente direto "O
Resgate do Soldado Ryan", do poderoso Steven Spielberg, ter levado
apenas um importante (diretor) e
de atuações consideradas fracas,
como as de Paltrow, Benigni e do
próprio "Shakespeare Apaixonado", terem sido premiadas, ressuscitou a polêmica sobre quão éticos
teriam sido os irmãos Harvey e Robert Weinstein, da Miramax, em
sua campanha pelo Oscar.
Para tentar ganhar os votos dos
5.557 membros votantes da Academia, a Miramax começou uma
verdadeira guerra publicitária, investindo US$ 15 milhões. Jeffrey
Katzenberg, sócio de Spielberg no
DreamWorks, resolveu responder
à altura. Voaram farpas e milhões.
Weinstein falou ontem com a
imprensa, após o Oscar, desmentindo o exagero (leia texto à pág. 4-7). Disse, conforme se aventou ontem, que, se uma nova regra que
imponha limites a serem gastos na
divulgação for aprovada, ele será o
primeiro a segui-la.
Spielberg foi menos diplomático
que o colega durante o almoço para os indicados. "Eu acredito que
devo seguir a estrada correta quando se trata de competição", disse
então. "Tenho de acordar de manhã com respeito próprio."
Harvey Weinstein construiu sua
carreira como o último titã hollywoodiano do século baseado justamente em seus dotes de publicitário. O filme espanhol "El Abuelo" e
o iraniano "Filhos do Paraíso", por
exemplo, tiveram seus direitos de
distribuição comprados por
Weinstein logo após receberem indicações para o Oscar de melhor
filme estrangeiro.
Para Arthur Cohn, que participa,
entre outros, da produção de
"Central do Brasil" -que perdeu
ontem o Oscar de melhor filme estrangeiro para "A Vida É Bela" e o
de melhor atriz (Fernanda Montenegro) para "Shakespeare"-, o
resultado é "decepcionante".
"Temos aí uma prova de que os
milhões de dólares investidos pela
Miramax fizeram de "A Vida É Bela" um enorme sucesso comercial.
E, infelizmente, o dinheiro, mais
uma vez, acabou influenciando no
resultado da noite passada", disse.
Cohn afirmou não acreditar em
mudanças nas regras: "Acho que,
por mais poder que uma pessoa tenha, ninguém vai mudar o sistema.
O meu medo maior é a possibilidade de esse tipo de jogo incentivar
no futuro outros filmes indicados
ao Oscar a se tornar obras comerciais, em vez de obras de arte".
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