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TEATRO DE CURITIBA
"Caderno de Lori Lamby" mostra pornô verbal
Monólogo, baseado em obra da escritora paulista Hilda Hilst, estréia hoje na oitava edição do festival com direção de Bete Coelho
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da enviada a Curitiba
Lori tem 8 aninhos. E um diário
cor-de-rosa, no qual escreve seus
segredos: fantasias sexuais com
homens mais velhos.
Baseado em livro da escritora
paulista Hilda Hilst, estréia hoje,
no 8º Festival de Curitiba, "O Caderno Rosa de Lori Lamby". Com
direção de Bete Coelho, o monólogo é estrelado por Iara Jamra.
O livro, lançado em 1990, causou
polêmica entre críticos e autores
ao descrever os desejos sexuais de
uma garotinha.
Filha de um escritor falido, pressionado pelo editor a produzir livros mais comerciais (leia-se pornográficos), Lori decide escrever
sua própria obra, num esforço infantil para ajudar o pai.
Concebido por Daniela Thomas,
também responsável pelo figurino,
o cenário é composto por uma
imensa cama, único objeto em cena a acompanhar as peripécias de
Lori, vestida com um camisolão.
"O texto é verbalmente pornográfico, mas a partir disso constrói
uma história maravilhosa e poética", afirma Bete, que durante anos
cultivou o sonho de levar "O Caderno Rosa" para o teatro.
Segundo Hilda Hilst, autora de
obras como "Fluxofloema" e "Cartas de um Sedutor", a idéia do livro
partiu do problema que ela sempre
teve com o mercado editorial, que
a considera uma "escritora que
vende pouco".
"Escrevi "O Caderno Rosa" pela
graça do texto. Mas ninguém entendeu nada", diz Hilda, que vive
há mais de 30 anos em uma chácara próxima a Campinas.
Tanto para Bete como Iara, considerar a obra pedófila não tem
fundamento nenhum. "É absurdo
pensar desse jeito. Quem não leu
fica achando que a menina é prostituída pelos pais, o que não tem
nada a ver", afirma Iara.
"O Caderno Rosa de Lori
Lamby" deve estrear brevemente
em São Paulo, mas ainda não estão
acertados teatro e data.
(ERIKA SALLUM)
Quando: hoje, às 21h30, e amanhã, às 20h,
no teatro Paiol (pça. Garibaldi, 7, Prado Velho, Curitiba, tel. 041/322-1525). R$ 20
A jornalista
Erika Sallum viaja a convite da organização do festival
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