São Paulo, terça, 23 de março de 1999
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TEATRO DE CURITIBA
"Caderno de Lori Lamby" mostra pornô verbal


Monólogo, baseado em obra da escritora paulista Hilda Hilst, estréia hoje na oitava edição do festival com direção de Bete Coelho


da enviada a Curitiba

Lori tem 8 aninhos. E um diário cor-de-rosa, no qual escreve seus segredos: fantasias sexuais com homens mais velhos.
Baseado em livro da escritora paulista Hilda Hilst, estréia hoje, no 8º Festival de Curitiba, "O Caderno Rosa de Lori Lamby". Com direção de Bete Coelho, o monólogo é estrelado por Iara Jamra.
O livro, lançado em 1990, causou polêmica entre críticos e autores ao descrever os desejos sexuais de uma garotinha.
Filha de um escritor falido, pressionado pelo editor a produzir livros mais comerciais (leia-se pornográficos), Lori decide escrever sua própria obra, num esforço infantil para ajudar o pai.
Concebido por Daniela Thomas, também responsável pelo figurino, o cenário é composto por uma imensa cama, único objeto em cena a acompanhar as peripécias de Lori, vestida com um camisolão.
"O texto é verbalmente pornográfico, mas a partir disso constrói uma história maravilhosa e poética", afirma Bete, que durante anos cultivou o sonho de levar "O Caderno Rosa" para o teatro.
Segundo Hilda Hilst, autora de obras como "Fluxofloema" e "Cartas de um Sedutor", a idéia do livro partiu do problema que ela sempre teve com o mercado editorial, que a considera uma "escritora que vende pouco".
"Escrevi "O Caderno Rosa" pela graça do texto. Mas ninguém entendeu nada", diz Hilda, que vive há mais de 30 anos em uma chácara próxima a Campinas.
Tanto para Bete como Iara, considerar a obra pedófila não tem fundamento nenhum. "É absurdo pensar desse jeito. Quem não leu fica achando que a menina é prostituída pelos pais, o que não tem nada a ver", afirma Iara.
"O Caderno Rosa de Lori Lamby" deve estrear brevemente em São Paulo, mas ainda não estão acertados teatro e data.
(ERIKA SALLUM)


Quando: hoje, às 21h30, e amanhã, às 20h, no teatro Paiol (pça. Garibaldi, 7, Prado Velho, Curitiba, tel. 041/322-1525). R$ 20


A jornalista Erika Sallum viaja a convite da organização do festival


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