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"SIMON BOCCANEGRA"
Rio vibra com ópera de Verdi
IRINEU FRANCO PERPETUO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Atenção senhores passageiros: o melhor teatro de ópera
de São Paulo é a ponte aérea.
É duro ter de admitir isso, mas
não tem jeito: além do conforto e
acústica, o Teatro Municipal do
Rio de Janeiro está dando um banho também na programação.
O que consola um pouco é saber
que um paulistano tem papel na
arrancada da casa de ópera carioca. O maestro Luiz Fernando Malheiro, diretor musical convidado
do Municipal que, na noite de
sexta-feira, regeu com rara inteligência a estréia da ópera "Simon
Boccanegra", de Verdi, com encenação algo conservadora de Mario Corradi.
Foi a mais bela das surpresas ver
a sinfônica, nas mãos de Malheiro, tocando como uma orquestra
de verdade, capaz não apenas de
acompanhar os cantores, ou de
tocar junta e afinada, mas ainda
de produzir as peculiares colorações sombrias requeridas pela
partitura verdiana.
A ópera não era encenada no
Rio desde 1954, e as razões da popularidade pequena deste drama
de Verdi não são difíceis de entender. Ela tem muito pouco daquilo
que se convencionou chamar de
"belcanto": há muita declamação,
a música está o tempo todo a serviço do drama, a trama é das mais
enroladas e as árias são bastante
compactas e concentradas. "Boccanegra" carece de "hits" verdianos, aquelas melodias cuja fama
transcende a ópera para a qual foram escritas, como "La Donna è
Mobile" ou "Va Pensiero". Não
sendo ótima a montagem, grande
será o risco do público dormir.
Os cariocas vibraram com o trio
de cantores estrangeiros. Verdi
dizia que o papel-título era "tão
cansativo quanto Rigoletto, mas
mil vezes mais difícil". A maratona ficou a cargo do mexicano Genaro Sulvarán, que evidenciou a
mais impecável das técnicas e para o qual resistência parece não
ser problema.
O jornalista Irineu Franco Perpetuo
viajou ao Rio de Janeiro a convite do
Teatro Municipal
Simon Boccanegra
Onde: Teatro Municipal do Rio de
Janeiro (pça. Marechal Floriano, s/nš, tel.
0/xx/21/544-2900)
Quando: de 25 a 27/04, às 20h30; dia 29,
às 17h
Quanto: R$25 a R$80
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