São Paulo, segunda-feira, 23 de abril de 2001

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"SIMON BOCCANEGRA"

Rio vibra com ópera de Verdi

IRINEU FRANCO PERPETUO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Atenção senhores passageiros: o melhor teatro de ópera de São Paulo é a ponte aérea.
É duro ter de admitir isso, mas não tem jeito: além do conforto e acústica, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro está dando um banho também na programação.
O que consola um pouco é saber que um paulistano tem papel na arrancada da casa de ópera carioca. O maestro Luiz Fernando Malheiro, diretor musical convidado do Municipal que, na noite de sexta-feira, regeu com rara inteligência a estréia da ópera "Simon Boccanegra", de Verdi, com encenação algo conservadora de Mario Corradi.
Foi a mais bela das surpresas ver a sinfônica, nas mãos de Malheiro, tocando como uma orquestra de verdade, capaz não apenas de acompanhar os cantores, ou de tocar junta e afinada, mas ainda de produzir as peculiares colorações sombrias requeridas pela partitura verdiana.
A ópera não era encenada no Rio desde 1954, e as razões da popularidade pequena deste drama de Verdi não são difíceis de entender. Ela tem muito pouco daquilo que se convencionou chamar de "belcanto": há muita declamação, a música está o tempo todo a serviço do drama, a trama é das mais enroladas e as árias são bastante compactas e concentradas. "Boccanegra" carece de "hits" verdianos, aquelas melodias cuja fama transcende a ópera para a qual foram escritas, como "La Donna è Mobile" ou "Va Pensiero". Não sendo ótima a montagem, grande será o risco do público dormir.
Os cariocas vibraram com o trio de cantores estrangeiros. Verdi dizia que o papel-título era "tão cansativo quanto Rigoletto, mas mil vezes mais difícil". A maratona ficou a cargo do mexicano Genaro Sulvarán, que evidenciou a mais impecável das técnicas e para o qual resistência parece não ser problema.


O jornalista Irineu Franco Perpetuo viajou ao Rio de Janeiro a convite do Teatro Municipal

Simon Boccanegra
     Onde: Teatro Municipal do Rio de Janeiro (pça. Marechal Floriano, s/nš, tel. 0/xx/21/544-2900)
Quando: de 25 a 27/04, às 20h30; dia 29, às 17h
Quanto: R$25 a R$80




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