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PERSONALIDADE
Consagrado pelo "besteirol", autor de "Pérola" e "A Cerimônia do Adeus" foi vítima de câncer no pulmão
Morre Mauro Rasi, o dramaturgo de Bauru
DA SUCURSAL DO RIO
Morreu ontem no início da tarde, no Rio, o dramaturgo Mauro
Rasi, 54, vítima de câncer no pulmão. Rasi estava em sua casa, no
Leblon, na zona sul do Rio.
Segundo amigos do dramaturgo, o primeiro sintoma da doença
apareceu há quatro anos, quando
foi detectado um câncer na bexiga
que Rasi conseguiu tratar. Nos últimos meses, no entanto, a doença reapareceu no pulmão, com maior intensidade.
Sua última aparição pública foi
no dia 13 de fevereiro, no Rio,
quando foi à estréia da nova montagem da peça "Batalha de Arroz
num Ringue para Dois", um texto
seu de 1984 encenado por Miguel
Falabella e Cláudia Jimenez.
Por decisão da família, o corpo
foi velado ontem na própria casa
de Rasi. Apesar de ter nascido em
Bauru (SP), ele será enterrado, a
seu pedido, no Rio de Janeiro, no
Cemitério dos Ingleses, no bairro
da Gamboa, ao meio-dia de hoje.
Rasi era solteiro e não tinha filhos. Os parentes mais próximos
são uma irmã e duas sobrinhas.
Besteirol
O estilo que o consagrou no teatro foi o chamado "besteirol". Ele
era um dos autores mais populares do gênero e fez sucesso com
peças como "A Cerimônia do
Adeus" (1987), "A Estrela do Lar"
(1989), "O Baile das Máscaras"
(1991), "Viagem a Forli" (1993),
"Pérola" (1995) e "A Dama do
Cerrado" (1996).
Muitos dos textos faziam referências a situações familiares de
Rasi, em que os personagens femininos, como suas tias e sua
mãe, sempre tiveram papel de
destaque. O autor dizia também
se inspirar em Bauru para escrever alguns de seus textos.
Para Irene Rasi, uma das suas
tias, a morte não foi uma surpresa. "A gente já sabia que ele estava
doente desde a primeira vez que
ele foi operado, há cinco anos."
Segundo Irene, que foi citada
em "Pérola", o dramaturgo estava
sendo auxiliado constantemente
por uma enfermeira nos últimos
tempos. "Ele era muito chegado
em tudo em torno da família. Desde criança, ele sempre brincou de
teatro. A gente ficou muito feliz
por ele ter vencido", disse.
"Pérola", a mais premiada de
suas peças, foi vista por cerca de
300 mil pessoas e era inspirada
em sua mãe, morta pouco antes
da estréia do espetáculo.
Antes de optar pelo teatro, chegou a se interessar pela carreira de
músico e foi professor de piano.
Além de escrever peças, Rasi foi
colunista do jornal "O Globo" e
redator de programas de humor
da Rede Globo, como "TV Pirata"
e "Armação Ilimitada".
A Prefeitura de Bauru decretou
ontem luto oficial de três dias pela
morte do dramaturgo. Com a homenagem, as bandeiras nos órgãos públicos do município devem ser hasteadas a meio-pau.
Com a Agência Folha, em Bauru
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