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São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2003

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PERSONALIDADE

Consagrado pelo "besteirol", autor de "Pérola" e "A Cerimônia do Adeus" foi vítima de câncer no pulmão

Morre Mauro Rasi, o dramaturgo de Bauru

DA SUCURSAL DO RIO

Morreu ontem no início da tarde, no Rio, o dramaturgo Mauro Rasi, 54, vítima de câncer no pulmão. Rasi estava em sua casa, no Leblon, na zona sul do Rio.
Segundo amigos do dramaturgo, o primeiro sintoma da doença apareceu há quatro anos, quando foi detectado um câncer na bexiga que Rasi conseguiu tratar. Nos últimos meses, no entanto, a doença reapareceu no pulmão, com maior intensidade.
Sua última aparição pública foi no dia 13 de fevereiro, no Rio, quando foi à estréia da nova montagem da peça "Batalha de Arroz num Ringue para Dois", um texto seu de 1984 encenado por Miguel Falabella e Cláudia Jimenez.
Por decisão da família, o corpo foi velado ontem na própria casa de Rasi. Apesar de ter nascido em Bauru (SP), ele será enterrado, a seu pedido, no Rio de Janeiro, no Cemitério dos Ingleses, no bairro da Gamboa, ao meio-dia de hoje.
Rasi era solteiro e não tinha filhos. Os parentes mais próximos são uma irmã e duas sobrinhas.

Besteirol
O estilo que o consagrou no teatro foi o chamado "besteirol". Ele era um dos autores mais populares do gênero e fez sucesso com peças como "A Cerimônia do Adeus" (1987), "A Estrela do Lar" (1989), "O Baile das Máscaras" (1991), "Viagem a Forli" (1993), "Pérola" (1995) e "A Dama do Cerrado" (1996).
Muitos dos textos faziam referências a situações familiares de Rasi, em que os personagens femininos, como suas tias e sua mãe, sempre tiveram papel de destaque. O autor dizia também se inspirar em Bauru para escrever alguns de seus textos.
Para Irene Rasi, uma das suas tias, a morte não foi uma surpresa. "A gente já sabia que ele estava doente desde a primeira vez que ele foi operado, há cinco anos."
Segundo Irene, que foi citada em "Pérola", o dramaturgo estava sendo auxiliado constantemente por uma enfermeira nos últimos tempos. "Ele era muito chegado em tudo em torno da família. Desde criança, ele sempre brincou de teatro. A gente ficou muito feliz por ele ter vencido", disse.
"Pérola", a mais premiada de suas peças, foi vista por cerca de 300 mil pessoas e era inspirada em sua mãe, morta pouco antes da estréia do espetáculo.
Antes de optar pelo teatro, chegou a se interessar pela carreira de músico e foi professor de piano.
Além de escrever peças, Rasi foi colunista do jornal "O Globo" e redator de programas de humor da Rede Globo, como "TV Pirata" e "Armação Ilimitada".
A Prefeitura de Bauru decretou ontem luto oficial de três dias pela morte do dramaturgo. Com a homenagem, as bandeiras nos órgãos públicos do município devem ser hasteadas a meio-pau.


Com a Agência Folha, em Bauru


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