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"KILL BILL - VOL. 1"
Primeiro ato da vingança é comparável a "Cães de Aluguel" e abusa das alusões cinematográficas
Tarantino rega longa com sangue e referências
DA REPORTAGEM LOCAL
Há duas maneiras de assistir a
um filme que Quentin Tarantino tenha dirigido ou participado. A maneira do fã, conquistado já em "Cães de Aluguel", em 1992, que é o caso deste repórter, e
a maneira do espectador desavisado, que vai em busca da diversão fácil e relativamente barata do
cinema. Para aqueles, "Kill Bill - Volume 1" será uma obra-prima, comparável ao mesmo
"Cães", superior a "Jackie Brown"
e pouco abaixo do talvez inalcançável "Pulp Fiction".
Para os outros, os 111 minutos
podem ser cansativos e talvez a
trama toda só faça sentido com a
estréia do "Volume 2".
"Kill Bill" junta a ética dos westerns (especialmente os de John
Ford e Sergio Leone) à estética
dos filmes de artes marciais de
Hong Kong (principalmente os
dos irmãos Shaw) e de samurai japoneses (a série B). Tudo ao molho pardo, pois foram usados
1.600 litros de sangue falso.
A história interessa menos do
que a maneira como ela é contada. Aqui, "Kill Bill" perde na comparação com seus antecessores
por ser um filme de uma tema só:
vingança. Esqueça o caleidoscópio de narrativas entrecruzadas
de "Pulp Fiction", por exemplo.
A história: A Noiva (Uma Thurman) é traída no dia em que vai se
casar, grávida, por seus antigos
parceiros de crime, o Esquadrão
Assassino Víbora Mortal, comandados por Bill (David Carradine),
que executam todos e a deixam
em coma. Despertada meses depois pela picada de um inseto, ela
começa a se vingar, primeiro de
O-Ren Ishii (Lucy Liu) e Vernita
Green (Vivica A. Fox).
A maneira de contar: com muito mais sangue do que o tolerável
e mais referências por quadro do
que existe papel para contar (mas
uma das diversões do universo tarantiano é justamente esta: visto o
filme, começar o garimpo pela rede em busca das ligações, homenagens e paródias contidas naquela sucessão de imagens).
Da lista a destacar, a primeira é
o amor platônico do diretor por
Uma Thurman, especialmente
por seus pés: a cena em que ela
tenta reanimar seus membros inferiores após o coma mostra um
close tão grande no tamanho 40
de Thurman que lembra "O Lavrador de Café", de Portinari.
A segunda é o anime (animação
japonesa) que explica a origem de
O-Ren, concebido por Tarantino
e executado pela Production I.G.
É o desenho se igualando ao melhor Kurosawa.
(SÉRGIO DÁVILA)
Kill Bill - Volume 1
Kill Bill - Vol. 1
Direção: Quentin Tarantino
Produção: EUA, 2003
Com: Uma Thurman, Lucy Liu
Quando: a partir de hoje nos cines
Bristol, Butantã, Jardim Sul e circuito
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