São Paulo, sábado, 23 de abril de 2005

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Coletivo é só a ponta de um iceberg pop no país

DA REPORTAGEM LOCAL

Roberto Bui (Wu Ming 1), Giovanni Cattabriga (Wu Ming 2), Luca di Meo (Wu Ming 3), Federico Guglielmi (Wu Ming 4) e Riccardo Pedrini (Wu Ming 5) vêm bagunçando os pilares da literatura italiana desde os anos 90, quando ainda assinavam como Luther Blissett, outro nome múltiplo pelo qual lançaram o romance "Q".
Além de "Asce di Guerra" (ás de guerra, 2000), também escrito coletivamente, cada integrante do grupo tem seus romances solo: "Guerra agli Umani" (guerra aos humanos, 2004, de Wu Ming 2), "New Thing" (nova coisa, 2004, de Wu Ming 1), "Havana Glam" (algo como glamour de Havana, 2001, de Wu Ming 5).
Por serem adeptos do copyleft, todas as suas obras podem ser baixadas gratuitamente em sua página na internet, a www.wu mingfoundation.com.
"Quanto mais nossos livros são baixados, mais a gente vende. A edição italiana de "Q" é baixada por 4.000 pessoas todo ano e, no mesmo período, vende 12 mil cópias", defende Wu Ming 1.
Quanto aos nomes -ou à ausência deles- o coletivo argumenta que, com isso, está negando "o papel do autor como "star'". "A identidade dos cinco membros de Wu Ming não é segredo, apenas achamos que nossa obra é mais importante do que a biografia de cada um", escrevem.
"Somos uma banda de cinco membros em sua formação. Wu Ming significa "anônimo" em chinês, mas nós não somos anônimos. Da mesma forma, o Police era uma banda pop, mas nenhum deles era um policial", brinca o integrante de número 1.
A conexão com o universo pop não é exclusiva dos Wu Ming na "nova" geração de escritores italianos. Gravitando em torno do selo Stile Libero da editora Einaudi, nomes como os de Carlo Lucarelli e Valerio Evangelisti estão entre os que devem começar a freqüentar as estantes brasileiras num futuro próximo.

"Almost Blue"
Ou presente, como no caso de Lucarelli, que tem seu romance "Almost Blue" lançado por aqui pela mesma Conrad.
Publicado originalmente em 1997, trata-se de um romance noir sobre um detetive que se une a um cego na captura de um "serial killer" em Bolonha. Violento, sinestésico e permeado de referências pop, "Almost Blue" é o primeiro de mais de uma dezena de livros que Lucarelli publicou pela Einaudi, entre eles o noir político "Guernica", de 2000.
Com traduções para o português a caminho, Valerio Evangelisti é outro autor de destaque dessa geração. Mais conhecido por sua série de ficção científica em torno do inquisidor Nicolas Eymerich, publicada pela Mondadori e adaptada para as HQs, o autor tem também os dois pés no heavy metal e no punk rock, do que o seu "Black Flag", de 2002, é um dos melhores exemplos.
A lista é extensa e inclui, entre muitos outros, Massimo Carlotto, Giuseppe Gena, Giancarlo de Cataldo e Simona Vinci, que também publica suas obras pela Einaudi. Seu "Dei Bambini Non si Sa Niente" (dos meninos não se sabe nada), também de 97, é mais uma das pontas desse iceberg italiano à espera de um (ou mais) editor brasileiro... (DA)


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