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Coletivo é só a ponta de um iceberg pop no país
DA REPORTAGEM LOCAL
Roberto Bui (Wu Ming 1), Giovanni Cattabriga (Wu Ming 2),
Luca di Meo (Wu Ming 3), Federico Guglielmi (Wu Ming 4) e Riccardo Pedrini (Wu Ming 5) vêm
bagunçando os pilares da literatura italiana desde os anos 90, quando ainda assinavam como Luther
Blissett, outro nome múltiplo pelo qual lançaram o romance "Q".
Além de "Asce di Guerra" (ás de
guerra, 2000), também escrito coletivamente, cada integrante do
grupo tem seus romances solo:
"Guerra agli Umani" (guerra aos
humanos, 2004, de Wu Ming 2),
"New Thing" (nova coisa, 2004,
de Wu Ming 1), "Havana Glam"
(algo como glamour de Havana,
2001, de Wu Ming 5).
Por serem adeptos do copyleft,
todas as suas obras podem ser
baixadas gratuitamente em sua
página na internet, a www.wu
mingfoundation.com.
"Quanto mais nossos livros são
baixados, mais a gente vende. A
edição italiana de "Q" é baixada
por 4.000 pessoas todo ano e, no
mesmo período, vende 12 mil cópias", defende Wu Ming 1.
Quanto aos nomes -ou à ausência deles- o coletivo argumenta que, com isso, está negando "o papel do autor como "star'".
"A identidade dos cinco membros de Wu Ming não é segredo,
apenas achamos que nossa obra é
mais importante do que a biografia de cada um", escrevem.
"Somos uma banda de cinco
membros em sua formação. Wu
Ming significa "anônimo" em chinês, mas nós não somos anônimos. Da mesma forma, o Police
era uma banda pop, mas nenhum
deles era um policial", brinca o integrante de número 1.
A conexão com o universo pop
não é exclusiva dos Wu Ming na
"nova" geração de escritores italianos. Gravitando em torno do
selo Stile Libero da editora Einaudi, nomes como os de Carlo Lucarelli e Valerio Evangelisti estão entre os que devem começar a freqüentar as estantes brasileiras
num futuro próximo.
"Almost Blue"
Ou presente, como no caso de
Lucarelli, que tem seu romance
"Almost Blue" lançado por aqui
pela mesma Conrad.
Publicado originalmente em
1997, trata-se de um romance noir
sobre um detetive que se une a um
cego na captura de um "serial killer" em Bolonha. Violento, sinestésico e permeado de referências
pop, "Almost Blue" é o primeiro
de mais de uma dezena de livros
que Lucarelli publicou pela Einaudi, entre eles o noir político
"Guernica", de 2000.
Com traduções para o português a caminho, Valerio Evangelisti é outro autor de destaque dessa geração. Mais conhecido por
sua série de ficção científica em
torno do inquisidor Nicolas Eymerich, publicada pela Mondadori e adaptada para as HQs, o autor tem também os dois pés no
heavy metal e no punk rock, do
que o seu "Black Flag", de 2002, é
um dos melhores exemplos.
A lista é extensa e inclui, entre
muitos outros, Massimo Carlotto,
Giuseppe Gena, Giancarlo de Cataldo e Simona Vinci, que também publica suas obras pela Einaudi. Seu "Dei Bambini Non si
Sa Niente" (dos meninos não se
sabe nada), também de 97, é mais
uma das pontas desse iceberg italiano à espera de um (ou mais)
editor brasileiro...
(DA)
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