São Paulo, domingo, 23 de abril de 2006

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AVENTURA

DVD do "remake" traz documentários que contextualizam a história

Material extra garante a maior diversão de novo "King Kong"

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Uns vão ao cinema com a expectativa de sonhar de olhos abertos. Outros podem alucinar, e muitos até deliram. Não importa a intensidade dessas experiências, desde que elas aconteçam no espaço escuro e com ótimas condições de imagem e de som.
Ao ser transportado para a sala de casa, um filme espetáculo do porte do segundo remake de "King Kong", feito por Peter Jackson (o feiticeiro digital que encantou as massas com a trilogia "Senhor do Anéis"), perde um bocado da magia que exalava na tela grande. Sua edição em DVD, contudo, ganha em relevância pelas horas de extras que oferece.
Esqueça o fetiche das cenas deletadas. O penduricalho seria mais artificial ainda nesta terceira versão, já longa o suficiente para enjoar. Mas vamos deixar de lado o filme e considerar que os apêndices são o pedaço mais importante e excitante do DVD. A ordem mais prazerosa de navegação começa por dois documentários. O primeiro, de fato um falso documentário, põe desenhistas de produção para explicar segredos "reais" da Ilha da Caveira, o lugar onde a equipe do filme dentro do filme dá de cara com o gorilão.
O espírito é de puro filme B, com direito a explicações "científicas" sobre a natureza anômala do arquipélago que abriga um mundo perdido. A "verdadeira" ilha não passa de um parque de diversões jurássico em que Jackson quase perde o rumo de sua história tentando provar que pode ser tão bom quanto Spielberg.
Quando o diretor se dedica a recontar a história da bela loirinha pela qual a megafera peluda se apaixona, ele faz um cinema digno de ser chamado de sonho.
É o que fica evidente no segundo documentário, no qual historiadores contam o que se passou naqueles anos pré e pós-crise de 1929, época que serve de cenário para o filme. O maior trauma até hoje vivido pelo capitalismo ganha explicações e imagens de impacto, às quais se associa a assombrosa reconstrução digital de Nova York feita para o filme.
Depois de percorrer esses caminhos dá para se entregar às quase três horas dos diários de pós-produção, que constituem o prato principal. Um dia-a-dia exaustivo revela o que significa essa etapa na execução de um filme de aventuras deste nosso século. Agora, o fator mais importante, o que conta a história, deixou de ser os atores. É a manipulação, criação e desenvolvimento de efeitos digitais o que interessa.
E nunca se viu, como aqui, em tantos detalhes, o trabalho de bastidores para dar peso de crença àquilo que se alimenta quase só de sonho e de imaginação (e de alguns milhões de dólares). Sobrou fôlego? Então pode se jogar no colo do gorilão porque ele, quando aparece, dá um baita medo, mas no fundo tem bom coração.


King Kong
Diretor:
Peter Jackson Distribuidora: Universal (R$ 50, em média) Filme:    
Extras:     


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