|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AVENTURA
DVD do "remake" traz documentários que contextualizam a história
Material extra garante a maior diversão de novo "King Kong"
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Uns vão ao cinema com a expectativa de sonhar de olhos
abertos. Outros podem alucinar, e
muitos até deliram. Não importa
a intensidade dessas experiências,
desde que elas aconteçam no espaço escuro e com ótimas condições de imagem e de som.
Ao ser transportado para a sala
de casa, um filme espetáculo do
porte do segundo remake de
"King Kong", feito por Peter Jackson (o feiticeiro digital que encantou as massas com a trilogia "Senhor do Anéis"), perde um bocado da magia que exalava na tela
grande. Sua edição em DVD, contudo, ganha em relevância pelas
horas de extras que oferece.
Esqueça o fetiche das cenas deletadas. O penduricalho seria
mais artificial ainda nesta terceira
versão, já longa o suficiente para
enjoar. Mas vamos deixar de lado
o filme e considerar que os apêndices são o pedaço mais importante e excitante do DVD. A ordem mais prazerosa de navegação
começa por dois documentários.
O primeiro, de fato um falso documentário, põe desenhistas de
produção para explicar segredos
"reais" da Ilha da Caveira, o lugar
onde a equipe do filme dentro do
filme dá de cara com o gorilão.
O espírito é de puro filme B,
com direito a explicações "científicas" sobre a natureza anômala
do arquipélago que abriga um
mundo perdido. A "verdadeira"
ilha não passa de um parque de
diversões jurássico em que Jackson quase perde o rumo de sua
história tentando provar que pode ser tão bom quanto Spielberg.
Quando o diretor se dedica a recontar a história da bela loirinha
pela qual a megafera peluda se
apaixona, ele faz um cinema digno de ser chamado de sonho.
É o que fica evidente no segundo documentário, no qual historiadores contam o que se passou
naqueles anos pré e pós-crise de
1929, época que serve de cenário
para o filme. O maior trauma até
hoje vivido pelo capitalismo ganha explicações e imagens de impacto, às quais se associa a assombrosa reconstrução digital de Nova York feita para o filme.
Depois de percorrer esses caminhos dá para se entregar às quase
três horas dos diários de pós-produção, que constituem o prato
principal. Um dia-a-dia exaustivo
revela o que significa essa etapa na
execução de um filme de aventuras deste nosso século. Agora, o
fator mais importante, o que conta a história, deixou de ser os atores. É a manipulação, criação e desenvolvimento de efeitos digitais
o que interessa.
E nunca se viu, como aqui, em
tantos detalhes, o trabalho de bastidores para dar peso de crença
àquilo que se alimenta quase só de
sonho e de imaginação (e de alguns milhões de dólares). Sobrou
fôlego? Então pode se jogar no colo do gorilão porque ele, quando
aparece, dá um baita medo, mas
no fundo tem bom coração.
King Kong
Diretor: Peter Jackson
Distribuidora: Universal (R$ 50, em
média)
Filme:
Extras:
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Crítica/"A gata e o rato - 1ª e 2ª temporadas": Dupla só investiga a guerra dos sexos Índice
|