São Paulo, quinta, 23 de abril de 1998

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ARTES PLÁSTICAS EVENTOS
Curadoria dá o tom no México

Divulgação
"Cabina 2", escultura em linha sobre gesso de Héctor Velázquez, em cartaz em mostra na Cidade do México


CELSO FIORAVANTE
enviado especial à Cidade do México

Amilcar de Castro, Iole de Freitas e Eduardo Sued. Com um time desses, era difícil o Brasil fazer feio na mostra de apresentação da coleção Johnnie Walker nas Artes da América Latina, que acontece até 4 de maio na Cidade do México. A mostra foi acompanhada por um seminário sobre o tema: "O Código das Imagens na América Latina: Identidade e Globalização".
Além das qualidades particulares de cada um dos artistas, o destaque brasileiro se deu graças à diferença de curadoria entre os países representados na coleção: Brasil, México, Colômbia e Peru.
A coleção começou a ser formada há três anos, quando a United Distillers, multinacional fabricante de bebidas, entre elas o uísque Johnnie Walker, resolveu criar no Peru um concurso que premiasse três artistas contemporâneos.
Não pergunte o porquê da escolha desse país e não de outro na América Latina, pois nem os representantes da marca de bebidas souberam responder a pergunta com convicção. Disseram que o Peru serviu como um campo de prova, mas isso não responde à pergunta. A verdade é que o concurso existe, teve uma segunda edição também no Peru e, no ano passado, ampliou-se para Brasil, México e Colômbia.
No Brasil, foi organizado por Charles Watson, artista plástico e professor escocês radicado no país há 22 anos.
"Não quis ser curador, mas organizar um sistema de seleção que não fosse uma competição de pintura. Fiz reuniões com mais de 30 pessoas da área e chegou-se à conclusão de que mais um salão de artes seria redundante", disse.
Watson selecionou, então, cinco curadores que fizeram listas de cinco artistas cada que tivessem dado uma "grande contribuição ao pensamento plástico contemporâneo". "Não amarrei a frase a datas para permitir maior flexibilidade em sua interpretação".
Os curadores Alberto Tassinari, Lorenzo Mammi, Rodrigo Naves, Ronaldo Brito e Reynaldo Roels Jr. terminaram selecionando Amilcar, Iole e Sued para os prêmios-aquisição de US$ 25 mil, US$ 15 mil e R$ 15 mil, respectivamente.
A Johnnie Walker se manteve afastada dos processos de curadoria nos países, o que permitiu o destaque brasileiro. Nos outros países, o evento se resumiu a um concurso entre pintores (sequer outras categorias, como escultura e instalação, foram aceitas).
A Colômbia exigiu um pouco mais dos artistas e determinou um tema para o concurso: o vermelho, entendido como cor que remete à religiosidade, ao sangue, à violência. O destaque do país foi a artista Patricia Bravo, com a instalação "No Se Nada", que remete à violência no país.
O prêmio terá nova edição este ano. Os novos curadores brasileiros serão divulgados em maio. Os artistas vencedores saem em dezembro.
Trata-se de uma boa idéia da United Distillers, que diz já ter investido US$ 1 milhão nas três edições do evento, já que ganha na divulgação de sua marca e pode ainda formar uma boa coleção de arte latino-americana.


O jornalista Celso Fioravante viajou a convite da United Distillers


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