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Biografia de ACM é próxima empreitada após "Corações Sujos"
DA SUCURSAL DO RIO
No jornalismo, descobertas laterais da última reportagem às vezes viram o ponto de partida para
novos mergulhos investigativos.
É assim a vida de repórter.
Mal comparando, foi o que
aconteceu com Fernando Morais.
Ao vasculhar a vida do magnata
das comunicações Assis Chateaubriand para o livro ""Chatô", ele
ouviu pela primeira vez referências à Shindô Remei.
""Foi uma ex-namorada de Chatô que me falou", conta Morais.
""Ela era filha de um ex-toko-tai,
um matador, a quem Chateaubriand, aparentemente, teria ajudado a sair da cadeia."
O escritor guardou a pauta, a
idéia a desenvolver. Há quatro
anos, decidiu incluí-la num livro
sobre personagens obscuros do
século. Pouco depois, a trajetória
da Shindô se impôs ao resto.
""O trabalho que eu faço não é
muito diferente do que é feito na
redação de um jornal. O que conta a meu favor é o tempo para pesquisar e escrever, que é maior."
Morais leu todo o processo sobre a Shindô no Tribunal de Justiça de São Paulo, visitou coleções
de jornais e pesquisou os arquivos
do Deops (Departamento de Ordem Política e Social), no Arquivo
Público do Estado. ""Só aí pude
passar às entrevistas com testemunhas, derrotistas e vitoristas,
umas cem pessoas."
Dois pesquisadores trabalham
sob sua orientação: em Tupã,
uma das bases da Shindô, Paulo
José de Oliveira e Silva; em Tóquio, Keiji Kono, um dekassegui
que ele só conhece pela Internet.
Após perder a eleição em 98,
quando foi o vice do candidato a
governador Orestes Quércia
(PMDB), Fernando Morais, ex-deputado estadual paulista, se
mudou para Paris, onde vive no
reduto boêmio de Saint Michel.
""No Brasil, a tentação de disputar
eleição atrapalha minha vida profissional. Aqui estou salvo de cometer pecados dessa natureza."
Ele já sabe qual a empreitada seguinte a ""Corações Sujos", até segunda ordem o título do livro sobre a organização terrorista japonesa: a biografia do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). Já acumulou 400 páginas de
transcrição de depoimentos que
tomou do presidente do Congresso e copiou o seu arquivo pessoal.
Se valer o retrospecto, os dois
volumes a sair repetirão o sucesso
dos anteriores. Desde ""Primeira
Aventura na Transamazônica"
(1970), livro-reportagem de estréia em co-autoria com Ricardo
Gontijo e Alfredo Rizutti, Morais
já foi editado em 18 países. Entre
suas obras, estão ""A Ilha" (75),
""Olga" (85) e ""Chatô" (94).
O escritor acredita já ter vendido perto de 1,5 milhão de exemplares de seus relatos históricos e
jornalísticos com sabor de literatura. E brinca: ""Nada que chegue
às canelas das invejáveis cifras de
um Paulo Coelho".
(MM)
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