São Paulo, domingo, 23 de maio de 2004

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MÔNICA BERGAMO

Américo Mariano/Folha Imagem
Quase 80 mil pessoas foram assistir à partida amistosa entre Brasil e França, que aconteceu na quinta, 20, no Stade de France, entre elas convidados especiais como a modelo Luiza Brunet, que aproveitou a viagem para torcer e fazer compras


Paris, sempre Paris

Na noite de segunda-feira, 17, um avião cheio de famosos partiu do Galeão, no Rio, rumo às delícias de Paris. Eram 18h30 quando se ouviu: "Atenção, vôo Fifa, última chamada para o embarque". E lá se foram os passageiros, numa aventura apelidada por eles mesmos de "vôo da alegria", para comemorar o centenário da entidade assistindo ao jogo Brasil versus França no Stade de France. Na lista de passageiros estavam políticos, celebridades, cartolas, jornalistas e assessores levados ao evento pela CBF, com tudo ou quase tudo pago pela Fifa.

A modelo Luiza Brunet era o destaque: os cartolas que embarcaram no vôo não desgrudavam os olhos dela. Alguns, mais expansivos, arriscavam elogios. Nabi Abi Chedid, vice-presidente da CBF, foi um deles. Se deu mal. "Para você ver, né?", começou ele. "A gente foi para o México em 1986. Faz quanto tempo mesmo? Dezoito anos? E ela já era musa dos jogadores!".

Luiza manteve o fair-play. "Para o senhor ver como o tempo passa, né?" Percebendo a gafe, Nabi tentou consertar: "Mas você continua linda!".

O avião escolhido pela Varig para transportar os convidados da CBF foi o mesmo que, em 2002, rodou com os pentacampeões na Ásia. Nabi e Luiza Brunet foram acomodados na primeira fileira da primeira classe.

Na executiva estavam, por exemplo, os técnicos Zagallo e Carlos Alberto Parreira e os jogadores Alex, Cris, zagueiro do Cruzeiro, Fábio, goleiro do Vasco e reserva de Dida, e o ator Rafael Calomeni.

E lá no fundão, na classe econômica, o pessoal tratou de acender um cigarrinho (proibido em vôos) e jogar cacheta. Bacará, um maranhense que já virou folclore por ser "o amigo misterioso" de Ricardo Teixeira -ele viaja com a seleção pelo mundo sem ter função nenhuma e não revela o nome completo a ninguém-, ganhou 250 do Rio a Paris.

Com quatro horas de viagem, acabou o uísque Red Label. "Se acabar também o Ballantine's, traz a pinga", brincou Carlos Peixoto, amigo de Teixeira.

Em Paris, os convidados se distribuíram por quatro hotéis. No Crillon, um dos mais sofisticados de Paris (as diárias variam de 530 a 940), ficaram o senador Tasso Jereissati com a mulher, Renata, Roseana Sarney e Jorge Murad, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro e a mulher, Valéria. Outros convidados ficaram no Castille e no Bedford. A terça e a quarta ficaram livres para passeios e, claro, muitas compras.

O ponto da ferveção era o hotel Concorde Lafayette, onde estavam os jogadores e o ator Rafael Calomeni. A apresentadora Mariana Kupfer, da Band, era a sensação do lugar. Na quarta-feira, um dia antes da partida, ela entrevistava os jogadores num Chloé rosa-bebê, costas à mostra. Usava o vestido, brincos e... nada mais. Mas nada MESMO! "Como perceberam?", espanta-se ela, argumentando que o vestido era comprido o suficiente para disfarçar a, digamos, situação. "Ah, já sei!", palpita. "A Luiza [Brunet] me deu um abraço e percebeu."

Brunet encontrou também Ronaldo no hotel. "Tô tenso", confessou o craque à musa. "Amanhã [dia do jogo] vai ser f.!" A modelo fez massagem no ombro dele.

Os passageiros do vôo da Fifa se juntavam a outros brasileiros que também estavam na capital francesa. O ministro Gilberto Gil, da Cultura, chegou no dia do jogo com a mulher, Flora. Os dois sempre se hospedam no apartamento da amiga Lilibeth Monteiro de Carvalho. Mas o lugar estava tão cheio de conterrâneos que foram ver a partida que o casal acabou se acomodando no apartamento da mãe dela, Evinha.

Gil e Flora foram ao jogo com a atriz Lucélia Santos. "Que bom que você está aqui", disse Alex Lerner, ao encontrar a atriz na área VIP. "Estou indo para a China", explicou Lucélia, que no dia seguinte embarcaria para se integrar à comitiva do presidente Lula naquele país. "Nem precisa perguntar, né? Você está sempre indo ou voltando da China!". Lucélia foi a Paris também porque, naquela quinta, completava 47 anos e não queria comemorar a data "sozinha em Brasília". Nizan Guanaes e Donata Meirelles também foram ver o jogo.

Na área supervip, onde só entravam autoridades do futebol e do governo, como Gil e o ministro Agnelo Queiroz, do Esporte, a Fifa serviu queijos roquefort, camembert e gorgonzola, vários tipos de salame, tortas de chocolate, morango e amora, pizza, crepes, refrigerantes, uísque e champanhe Cristal.

Os jogadores tentavam espantar fantasmas de 1998, quando perderam a final da Copa para a França. Eles se negaram a ficar no mesmo vestiário que ocuparam naquele ano.

A torcida vibrava. As pessoas saltavam na "ola" -empolgado, o ministro Agnelo pulou três vezes. Gil, só uma. Aos poucos, o clima foi esfriando. Gil e Agnelo, mão no queixo, pouco sorriam. Acaba o jogo, zero a zero, os senadores Roseana e Tasso balançam a cabeça. "Eu achava que hoje era o dia da revanche", lamentava o senador.

O mau presságio confessado por Ronaldo a Luiza Brunet se confirmou. E ela, que viu o Brasil perder para a França em 98 e agora voltou para casa com dois pares de sapato Prada na mala e um empate no coração, já se conformou: vai ter que voltar no próximo jogo para tentar comemorar enfim uma vitória.

@: bergamo@folhasp.com.br


FERNANDO MELLO, DE PARIS
O jornalista viaja a convite da Fifa


COM CLEO GUIMARÃES E ALVARO LEME


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