São Paulo, domingo, 23 de maio de 2004

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TELEVISÃO

Produtora transforma novela da Globo em longa-metragem, enquanto emissora faz filme de "Guerra dos Sexos"

"Roque Santeiro" entra no forno do cinema

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os direitos do roteiro que deu origem à novela "Roque Santeiro", de Dias Gomes, foram comprados por uma produtora, que pretende transformá-lo em filme.
Com título original de "O Berço do Herói", o texto foi criado para uma encenação teatral, em 1965. Censurado pela ditadura militar, sofreu uma readaptação para novela da Globo em 75, que também acabou proibida pelo governo. Só pôde ir ao ar dez anos depois.
A negociação entre os herdeiros do escritor (morto em 99) e a Master Shot Filmes ocorreu há pouco mais de uma semana, segundo Vicente Miceli, sócio da produtora. De acordo com ele, a marca "Roque Santeiro" é da Globo. Assim, o filme, que entra em produção em 2005, só poderá levar esse título se houver uma parceria, o que está nos planos de Miceli. Há a possibilidade de a Globo Filmes -braço cinematográfico do grupo- entrar como co-produtora. O acordo poderia facilitar ainda a contratação dos mesmos atores que estavam na telenovela.

Aniversário
A histórica trama das oito, protagonizada por Regina Duarte (viúva Porcina), Lima Duarte (sinhozinho Malta) e José Wilker (Santeiro), bateu recordes de audiência na TV. Sua adaptação para longa-metragem estava nos planos da Globo, para a comemoração de seus 40 anos, em 2005.
A emissora acabou optando por "Guerra dos Sexos", segundo Jorge Fernando, que a dirigiu com Guel Arraes, em 1983. A estréia do filme, diz o diretor, se dará na "Tela Quente" da semana do aniversário, em abril. Há planos de levá-lo às salas de cinema quatro meses depois, numa rara inversão da indústria cinematográfica, na qual a exibição na televisão aberta costuma ficar em último lugar.
A decisão por "Guerra dos Sexos", conta Jorge Fernando, foi tomada há pouco mais de uma semana. "Já é fase de produção. Estamos marcando uma reunião com Paulo Autran e Fernanda Montenegro para tentar acertar a participação deles", disse à Folha o diretor, que acaba de reestrear sua peça "Boom" em São Paulo.
Os atores protagonizaram a novela, marco do horário das 19h pelas célebres cenas de comédia pastelão. Eles interpretavam Otávio e Charlô, primos que tiveram um romance na adolescência, mas que se transformaram em inimigos numa disputa por herança. Representaram brigas memoráveis, como a que um joga uma torta na cara do outro. "Essa, com certeza, estará no filme."
O diretor diz, no entanto, que o projeto estará de pé mesmo que não seja possível contar com eles.
A novela foi escrita por Silvio de Abreu e o consagrou como um "autor de inovações". Após o sucesso da trama, o humor se consolidou no horário das 19h. O próprio escritor voltou ao tom cômico em outros sucessos das sete, como "Cambalacho" (1986) e "Sassaricando" (1987/88).


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