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ANÁLISE
Mais do que uma série, "Lost" virou um jogo, quase devoção
THALES DE MENEZES
EDITOR-ASSISTENTE DA
REVISTA SÃO PAULO
Quando uma série de TV ultrapassa dois ou três anos no ar, os fãs trocam comentários do tipo "Esta temporada está fraca", "Está na hora de acabar" ou "Agora voltou a ficar legal". É, por exemplo,o atual momento de "House". Com "Lost", isso mudou. O que se falou depois de cada episódio, durante seis anos, foi basicamente a mesma coisa: "E agora, como fica?". Na série mais lúdica da história, cada pergunta cedeu lugar a mais duas. Enquanto uma ou outra pequena explicação se encaixava aqui ou ali, mais mistérios surgiam.
Essa calculada ausência de limites narrativos afastou fãs impacientes com as pontas desamarradas, mas uma legião de seguidores entrou no clima de vale-tudo.
Ainda na primeira temporada, os enigmas de "Lost" já alimentavam teorias, algumas
que soam estapafúrdias hoje, no ponto final da história: todos foram abduzidos ou estariam mortos, no purgatório, ou então Jack estaria em coma e tudo se passando apenas em sua mente... E a lista nunca parou de crescer. O número de personagens
aumentou a cada temporada. Alguns para ficar até o fim, como o carismático Desmond.
Outros, apenas para passar um tempo e satisfazer públicos "regionais", como o latino Rodrigo Santoro. Tudo parte do plano de dominação mundial do criador J.J. Abrams. "Lost" nunca foi para "assistir", é para "jogar". Os roteiristas brincaram descaradamente com o público, contando histórias paralelas que às vezes deixaram fãs sem notícias de Jack e Sawyer por 15 longos dias. Os loucos por "Lost" não reclamaram dessas pegadinhas. Vão reclamar amanhã, gostando ou não do desfecho. Acabar bem ou mal não importa. O chato mesmo é a brincadeira terminar.
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