São Paulo, sexta-feira, 23 de junho de 2000


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Instituição abre inscrições para roteiros candidatos a incentivo financeiro
Apesar de "Chatô", BNDES mantém aposta no cinema

Divulgação
Toni Garrido, em desfile de escola de samba em cena de "Orfeu", de Cacá Diegues, um dos filmes produzidos com apoio do BNDES


CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar de "Chatô, o Rei do Brasil", o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social vai manter sua aposta no mercado cinematográfico brasileiro. O filme de Guilherme Fontes, que recebeu do BNDES R$ 280 mil em 1997, permanece inconcluso e está atualmente sob intervenção do Ministério da Cultura, que deve nomear, em agosto, uma nova produtora para finalizá-lo.
A partir de 3 de julho o BNDES abrirá inscrições para a seleção de roteiros que poderão receber apoio financeiro.
É o sexto ano em que o banco investe parte de seu imposto devido na compra de Certificados de Investimento Audiovisual. Esses certificados, de emissão autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), permitem às empresas que os adquirem desconto de até 3% do Imposto de Renda devido, conforme dispõe a Lei do Audiovisual (Lei nº 8.685/93).
O total a ser investido em novas produções não está definido. Como só no final do ano o banco tem uma estimativa de seu imposto devido -podendo então calcular quanto pode investir com base na Lei do Audiovisual- apenas em dezembro será previsto o valor a ser aplicado em cinema.
"Gostaríamos de manter o investimento em torno de R$ 5 milhões", disse à Folha Elizabeth São Paulo, superintendente de relações institucionais do BNDES.
Em 99, foram aplicados quase R$ 4,7 milhões em 11 documentários e oito longas-metragens. Desde 95, quando o banco começou a investir em cinema, 61 projetos -41 de ficção e 20 documentários- receberam recursos.
"Estimamos que 95% deles foram concluídos", diz Elizabeth. Entre outros que, como "Chatô", não foram, estão "O Caso Morel", de Suzana Amaral, que recebeu R$ 199.996,16 em 1996, e "Atrás do Vento", de Gylberto Nunes, que recebeu R$ 199.999,71 em 1995.
""O Caso Morel" teve problemas, mas conseguiu prorrogação de seu prazo com o Ministério da Cultura. "Atrás do Vento" ainda está em produção. Mas nós apostamos na conclusão e no lançamento dos três filmes", diz Elizabeth. Ela afirma que o banco fiscaliza a aplicação dos recursos.
A superintendente do BNDES diz que o fato de que alguns filmes estejam com problemas para sua conclusão não inviabiliza a proposta de incentivar a indústria cinematográfica. "A proporção de problemas é pequena diante das produções bem-sucedidas".
Entre os bem-sucedidos, Elizabeth cita "A Guerra de Canudos", "A Ostra e o Vento", "Como Nascem os Anjos", "Mauá, o Imperador e o Rei", "O Que É Isso, Companheiro?", "Orfeu", "Traição" e "Eu Tu Eles". Entre outros, "Quase Memória" e "Brava Gente Brasileira" ainda estão em produção com financiamento do banco.
As inscrições ficam abertas até dia 31 de julho. Serão apoiados longas-metragens de ficção e documentários de curta, média ou longa metragens. Para cada tipo de projeto, o BNDES estabeleceu limites de investimento.
Documentários de curta-metragem (até 30 minutos de duração) podem receber até R$ 120 mil. Os de média-metragem (até 60 minutos) recebem até R$ 200 mil. Documentários e filmes de ficção de longa-metragem (acima de 60 minutos) podem receber no máximo R$ 400 mil ou 20% do valor da captação autorizada pela Lei do Audiovisual, o que for mais baixo.
Até 98, o banco investiu apenas em filmes de ficção, mas a partir daí decidiu apoiar documentários. Em 95, 28 projetos foram inscritos; já em 99, o total de roteiros apresentados saltou para 178.
"Somos um banco de desenvolvimento e nossa intenção é auxiliar o desenvolvimento da indústria cinematográfica. Este é um setor carente de recursos, com potencial para gerar empregos e renda", explica Elizabeth.
Os projetos são selecionados por uma comissão formada por sete funcionários do banco. Desde que se decidiu financiar documentários, a instituição tem dividido os recursos: em 1999, os filmes de ficção (oito selecionados) receberam R$ 2,5 milhões e os documentários (11), R$ 2,2 milhões.
A prioridade do banco são projetos relacionados à cultura brasileira. "Filmes eróticos ou que tenham algum apelo à violência não são contemplados. Queremos aliar o fortalecimento da indústria cinematográfica à boa imagem do BNDES", diz a superintendente.
Os projetos para seleção deverão ser encaminhados com as seguintes informações: roteiro e sinopse do filme; currículos do diretor e da empresa produtora; elenco previsto; orçamento analítico; cronograma de produção; percentual de captação de recursos já realizada no âmbito da Lei do Audiovisual; montante de recursos do projeto que vêm de outras fontes; e, no caso de documentário, carta de emissora de televisão interessada na veiculação.
Os pedidos de investimento, com a documentação exigida, devem ser endereçados à AR/Derin/Geinc e entregues no Protocolo do BNDES (av. Chile, 100, térreo, região central do Rio), das 10h às 12h30 e das 13h30 às 17h30. Informações podem ser obtidas pelos tels. 0/xx/21/277-6733 e 277-7278 ou pela Internet: www.bndes.gov.br.


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