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"JOÃO WALTER TOSCANO"
Arquiteto constituiu obra de respeito ainda jovem, mas que é pouco documentada até hoje
"Utópica normalidade" de Toscano ganha reflexão
GUILHERME WISNIK
CRÍTICO DA FOLHA
O livro "João Walter Toscano", sobre a obra do arquiteto, representa uma grande contribuição ao estudo e ao debate crítico da arquitetura brasileira.
Bem documentado, com fotos e
desenhos, além de uma seleção de
projetos representativa, o livro se
destaca pelo seu compêndio crítico: contém uma apresentação do
"mestre" Fernando Távora, um
balanço de Alexandre Alves Costa
e análises de Lourival Gomes Machado e Luís Saia. Estas últimas,
da década de 1960, dão substância
teórica e medida histórica à qualidade da obra inicial do arquiteto.
Como muitos em sua geração,
Toscano constituiu ainda jovem
uma obra de respeito. Característica que descreve tanto a natureza
dos programas abordados (campi
universitários, clubes) quanto a
segurança das soluções. Reside aí
a importância do livro, pois, devido à escassez de material publicado na área, a relevante produção
de arquitetos como Toscano é
ainda pouco divulgada.
O livro permite compreender,
ainda, o sentido de coerência que
perpassa a obra do arquiteto. Assim, pode-se perceber a permanência de uma busca pelo sentido
clássico de estabilidade das construções, atitude que pressupõe o
funcionamento do mundo segundo uma "utópica normalidade",
que Alves Costa identifica à sua
confiança no projeto moderno.
Tal confiança aparece nas duas
primeiras fases de sua produção:
a primeira (1957-1962), mais ligada à obediência aos princípios do
racionalismo arquitetônico, com
influências da "escola carioca" e
de Mies van der Rohe, e a segunda
(1964-1974), parte integrante do
chamado "brutalismo paulista".
Mas seria a continuidade dessa
confiança no projeto moderno
hoje algo ingênuo ou ultrapassado? Eis uma questão difícil, mas
que, na produção de Toscano, parece bem equacionada.
Pois foi passado o período heróico da arquitetura paulista que
o arquiteto ousou mais, produzindo resultados ora duvidosos,
como o edifício do Centro Empresarial do Aço (1989), ora brilhantes, como a Estação Largo 13
de Maio (1985). Mais dificilmente
enquadrável em uma corrente, ou
estilo, a Estação Largo 13 representa uma síntese própria.
Uma arquitetura que leu belamente tanto a elegância técnica
do uso da estrutura metálica em
produções estrangeiras quanto a
espacialidade unificada e aberta,
da tradição brasileira, fundada no
uso político do concreto armado e
do pórtico estrutural serial.
João Walter Toscano
Autor: Rosa Camargo Artigas
Editora: Unesp
Quanto: R$ 110 (186 págs.)
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