ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Começou ontem na HBO dos EUA a sexta temporada -anunciada como última- de "Sex and the City". A premiada sitcom, exibida no Brasil com atraso pelo canal pago Multishow, faz sucesso exibindo a perspectiva feminina dos desencontros conjugais nos dias que correm. Como tal, oferece curioso contraponto à atual novela das oito.
No melhor estilo de que a sitcom é capaz, "Sex" problematiza as desventuras de mulheres talentosas, bonitas e bem-intencionadas, nas mãos de homens que sinalizam inevitavelmente o oposto do que fazem.
O humor escrachado do seriado sai da pena de colunista do "New York Observer". As crônicas comentam dramas pessoais da autora e de amigas próximas. As colunas viraram livro. Os livros viraram seriado de impacto, espécie de "docucom", para parafrasear o "docudrama" dos ingleses.
As quatro primeiras temporadas estão disponíveis em DVD. Com sua aura de crítica, ou talvez melhor, de ironia dos costumes daqueles que estão entre os mais "in" do planeta, "Sex" vende também moda, música e penteados.
Quatro amigas profissionais bem-sucedidas se alternam nas histórias de instabilidade amorosa. Samantha (Kim Cattrall), bela e sensual, busca prazer, mas não pensa em compromisso.
Carrie (Sarah Jessica Parker) se debate com a ambiguidade de um parceiro sexual ideal, Mr. Big, que, no entanto, se casa com outra. Ela se torna amante do ex-namorado.
Miranda (Cynthia Nixon), a advogada bem-comportada, busca expressar sua sensualidade reprimida. Eventualmente, o casamento perfeito acontece para Charlotte (Kristin Davis). Mas a união de fato não se consuma.
As enlouquecidas de "Mulheres Apaixonadas" batem, esfaqueiam, capotam, marcando no corpo as agruras do amor. As desajustadas de "Sex and the City" são menos passionais. No cômputo, resta um painel desolador da dificuldade das relações contemporâneas.