São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 2005

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LEI ROUANET

Livro "O Pão da Paz" e concerto para Santo André são únicos a obter todo o dinheiro autorizado em 2005

Só dois projetos concluem patrocínio em SP

Divulgação/Petroquímica União
No Teatro Municipal de Santo André, sinfônica da cidade e Violeiros de Mauá fazem concerto grátis


SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Um livro sobre o pão como símbolo da paz e um concerto em comemoração do aniversário da cidade de Santo André são os mais bem-sucedidos projetos no uso da Lei Rouanet (de incentivo à cultura) neste ano, em São Paulo.
A edição do livro "O Pão da Paz" e o concerto da Sinfônica de Santo André e Violeiros de Mauá em homenagem a Santo André foram os únicos (entre 172 projetos aprovados em 2005) a reunir 100% do patrocínio autorizado pelo MinC (Ministério da Cultura), segundo dados do ministério.
A Lei Rouanet permite que empresas e pessoas físicas direcionem parte de seu Imposto de Renda para a realização de projetos culturais. Para ter direito a essa forma de patrocínio, os projetos devem ser previamente aprovados pelo Ministério da Cultura.
Das 172 propostas autorizadas em 2005 a buscar financiamento pela lei em São Paulo, além das duas que conseguiram o total de seu orçamento, há 14 classificadas pelo MinC na situação de "captação parcial" -obtiveram apenas parte do orçamento até agora.
O orçamento de "O Preço da Paz" é de R$ 291 mil. A tiragem da obra será de 4.000 exemplares. A Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista) é a patrocinadora exclusiva do livro.
O concerto em homenagem ao aniversário de Santo André (8/4) foi realizado no Teatro Municipal, que tem 475 lugares. O orçamento, de R$ 78 mil, foi patrocinado pela Petroquímica União .

Livro de arte
"O Pão da Paz" é um livro de arte, não um simples receituário de pão", diz a produtora Rita Bocatto, da Cultura Invest, que obteve a aprovação do projeto no MinC.
O volume terá 224 páginas, no formato 23,5 cm x 39 cm. Será composto de fotos de pães típicos de cada um dos 191 países-membros da ONU (Organização das Nações Unidas).
Cada imagem deve vir acompanhada da receita do pão. Para representar o Brasil, o fotógrafo de culinária Paulo Boccato, idealizador do livro, elegeu o pão de queijo. O livro terá ainda "frases e mensagens sobre a paz de pacifistas e autoridades", diz Boccato.
A produtora afirma que o fotógrafo teve a idéia de fazer o livro logo depois do 11 de Setembro. "Ele começou a meditar sobre a questão da paz e percebeu que o pão poderia simbolizá-la, porque é algo comum a todos os povos."
"O Pão da Paz" tem apoio institucional da ONU. Boccato diz que não pode "afirmar categoricamente", mas tem "o feeling de que o que mais atraiu o patrocinador foi o fato de estar junto a uma instituição como a ONU".
Eliane Parreiras, coordenadora do Instituto Cultural Usiminas, que define a política cultural das sete empresas do grupo, incluindo a Cosipa, diz que "certamente pesa positivamente para o projeto ter a participação da ONU, que é um indicador de credibilidade".
A orientação geral de patrocínio do grupo Usiminas, segundo Parreiras, recomenda observar o "critério da acessibilidade", ou seja, privilegiar projetos com potencial para atingir grandes públicos.
Embora este não seja exatamente o caso de "O Pão da Paz", Parreiras diz que "apesar de ter essa vertente mais restrita, para um público direcionado, o projeto faz parte de uma série de eventos da ONU que vão atingir um público maior".
O lançamento de "O Pão da Paz" está previsto para 9 de agosto. Parte da obra deverá ser distribuída para "ONGs, instituições de direitos humanos e bibliotecas", segundo Boccato. A outra parcela será vendida nas livrarias. O preço ainda não foi definido.

Contramão
O concerto de aniversário de Santo André foi produzido na contramão da rota tradicional dos patrocínios. A produtora Ana Nery, da Nery Cultural Marketing e Comunicação, afirma que não foi ela quem procurou o patrocinador, mas sim o inverso.
A Nery Cultural e a Petroquímica União já haviam trabalhado juntas, antes, em outros projetos. Segundo Nery, a empresa pediu sua colaboração para elaborar um projeto cultural que homenageasse a cidade de Santo André, onde está sua fábrica.
Izabel Christina Galvão da Silva, assessora de comunicação e responsabilidade social da Petroquímica União, diz que o concerto deriva de uma iniciativa que a empresa já havia tido no ano anterior, no aniversário do município de Mauá, onde também atua.
Com o objetivo de "resgatar expressões culturais da cidade", a empresa patrocinou um concerto dos Violeiros de Mauá e a edição de um CD do grupo.
"O projeto foi muito feliz", diz Galvão da Silva, o que impulsionou a idéia de unir os Violeiros de Mauá e a Sinfônica de Santo André no aniversário da segunda.
A assessora diz que o concerto não foi realizado em local com capacidade para público maior porque a cidade não dispõe de uma concha acústica adequada.
Galvão da Silva disse acreditar que a escolha do Teatro Municipal (cujas obras de recuperação a Petroquímica União co-patrocina) para um concerto gratuito pode contribuir para que a população valorize esse patrimônio cultural da cidade.
Fundado há 36 anos, o Teatro Municipal de Santo André está na área do Paço Municipal, projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer e paisagístico de Burle Max.
Os patrocínios da Petroquímica União, segundo Galvão da Silva, estão orientados para a conservação de patrimônio e de atividades que beneficiem as populações das regiões onde a empresa se localiza. "Um desses projetos é o "Cinema na Praça", em que exibimos filmes patrocinados por nós", diz.

Comissão
O MinC agendou para ontem a análise de mais 560 projetos que buscam patrocínio pela Lei Rouanet. A avaliação é feita pela CNIC (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura), composta por representantes de entidades das áreas abrangidas na lei, como literatura, teatro, música, dança e cinema.


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