São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Enterro de Dercy Gonçalves reúne de fãs a sambistas da Viradouro

Cemitério em Madalena, no Rio, recebeu cerca de 5 mil pessoas

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A SANTA MARIA MADALENA (RJ)

Com o caixão posto em pé dentro da sepultura, o corpo da atriz e comediante Dercy Gonçalves foi enterrado ontem à tarde, em meio a muita confusão, no cemitério de sua cidade natal, Santa Maria Madalena, a 230 km do Rio, na região noroeste do Estado.
Na avaliação da Defesa Civil do município, havia no cemitério cerca de 5.000 pessoas, que, espremidas umas contra as outras, se emocionaram com a despedida da artista, morta no sábado, no Rio, aos 101 anos, de complicações decorrentes de pneumonia.
O velório no Clube Montanhês, iniciado anteontem, e o sepultamento pararam Santa Maria Madalena. A cidade lotou com delegações de fãs de municípios da região, como Trajano de Morais e São Sebastião do Alto, e outros mais afastados, como Macaé e Campos.
Dercy foi enterrada no mausoléu em forma de pirâmide de vidro que mandara construir em 1991. Como desejava, o caixão não foi colocado na posição horizontal, como é costumeiro. A sepultura tem 2,40 m de fundura, para que o caixão pudesse ficar em sentido vertical. Dercy sempre dizia que gostaria de ser enterrada de pé, para, de alguma forma, acompanhar o crescimento da cidade que tanto amava. Afirmava ela que, deitada, não conseguiria ver nada depois de morta.
As despedidas e homenagens a Dercy começaram cedo em Madalena, como a cidade é conhecida no Rio. Às 6h, a banda da cidade realizou uma alvorada festiva em homenagem à atriz e também à padroeira do município. Também chegaram à cidade ritmistas, passistas e cantores da Velha Guarda da escola de samba Unidos do Viradouro, de Niterói.
O grupo interpretou, ao lado do caixão, o samba-enredo "Bravo Bravíssimo" da Viradouro, cujo desfile de 1991 foi marcado pela imagem de Dercy, aos 84 anos, com os seios de fora.
Não havia artistas no cemitério. Da família de Dercy, só compareceram ao sepultamento a filha única, Decimar Senra, 73, e a bisneta Melissa, 31.
Entre os presentes no enterro estava Paola Domingos, 12, a Dercyzinha, vencedora no ano passado, em Madalena, do concurso de melhor imitadora de Dercy. Vitoriosa, passou a imitar a artista, vestindo roupas idênticas às usadas por ela, além de peruca e bengala. Até nas entrevistas Dercyzinha evoca Dercy, pois responde sempre com palavrões pesados e impropérios.


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