São Paulo, Sexta-feira, 23 de Julho de 1999
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NOITE ILUSTRADA ERIKA PALOMINO
SP vive férias de julho em ritmo deep house

ESTÁ tudo chato ou é impressão minha? A começar pela deep house, né?, a coqueluche do momento aqui em São Paulo. Quer coisa mais morna que deep house a noite toda? Vamos acordar, todo mundo! Que a gente quer fazer alguma coisa diferente!

E a CD Expo é a imagem que muita gente tem do paraíso: a Bienal inteira só de CD. E, na festinha do estande da B-Side, Carlo Danesi, o dono do império, empregou discurso fortíssimo contra o CD-R, que está virando coqueluche entre DJs caretas e menos abastados (menino, com o vinil importado a R$ 30). É assim: um divulgador dá um monte de discos para essas grandes empresas de DJs ou lojas, que gravam as músicas mais pedidas e mais populares num mesmo CD, que às vezes vem mixado e tudo (pelo próprio DJ ou por outra pessoa). E aí, quando chega no clube, o DJ em si, propriamente dito, não apenas não tem trabalho nenhum em tocar como ainda economiza uns trocados. O problema é que mata alguns fundamentos fortes da cultura dos clubes, tipo o fato de a música estar sendo feita na hora e o seu caráter antimainstream. E o que é mais engraçado é que, depois do discurso, entrou um DJ para tocar. E o CD começou a pular. E os DJs lá do fundão começaram um coro: CD dá defeito! CD pula!

E quem fez defesa do CD foi o DJ francês Laurent Garnier, em sua entrevista no Multishow. Ele diz que o CD tem a vantagem de, às vezes, você ter uma música mais rápido do que teria no vinil. E citou o caso de bons CDs que recebeu aqui no Brasil, como o do DJ Alfred, querido. Garnier elogiou também e muito o trabalho de Renato Cohen (atenção, majors, o Renato é quente, e não é de hoje que a gente está falando isso!, ele tem potencial para ser a nova estrela do tecno brasileiro). E, sobre o especial Garnier, bacana a reportagem, mas deixou a vontade de vê-lo tocando. E ele superdesmente essa história que virou lenda já na mídia brasileira de que ele era cozinheiro do consulado. Diz que nem sabe cozinhar! E quem foi que espalhou isso?

E ninguém falou ainda que a Carolyn Bessete-Kennedy era uma mistura de Jacqueline Onassis com princesa Diana, legítima princesa de Camelot com forte apelo fashion. Já era alguém que todos gostávamos de acompanhar, linda e discreta. John-John, então, nem se fala.

E, por falar em discreto, há quem jure de pés juntos que viu sabe quem na festa do Lov.e in Paradise? Não o Angelo, mas o Ruppert Everett. Isso mesmo. Diz que era o único de blazer preto no clube!!! E que estava com uns amigos tipo gringos. Quem confirma?

E diz que faltou muita gente à festa. E diz que muita gente não foi convidada. E a sala vip estava menos vip do que nunca. E acabou ao meio-dia. E diz que não foi muita coisa especial, não. E eu estou louca ou é verdade que "modelo e DJ" pagavam só R$ 10 para entrar? Isso, sim, é o novo status da noite. Aprenda!

EM compensação, tiro o chapéu para a noite de anteontem da casa, o projeto de trance do DJ Dmitri. Só gente linda, com as meninas mais bonitas que eu já vi numa noite normal num clube em São Paulo nos últimos tempos. E eles me convenceram: estavam lá pela música, e isso foi bem bonito de ver. As coisas estão bem esquisitas na noite de São Paulo, todo mundo reclama que está tudo chato, as pessoas estão dispersas e fica aquela sensação de estar esperando alguma coisa acontecer, sabe? Estamos esperando ainda a reação do underground. Por enquanto, só a Lôca está se fortalecendo, mas uma cidade como São Paulo precisa e merece mais. Quem souber que viés pegar vai se dar bem. E, por favor, chega de clubes para mauricinhos na Vila Olímpia. Qualquer cantinho já está bom. Quem se lembra do Krawitz? Eu lembro! E faltou dizer que Dmitri estava tocando um som de timbres agradáveis, mesmo para não-iniciados como eu. Tocou também os hits que eles querem ouvir e assim foi segurando o pessoal.

DA seção staff: quando na Symbol, não esqueça de conferir o segurança gigante chamado Daniel. Quando no Uncle Bob, não esqueça de procurar pela linda baiana Sabrina. Tipo incrível.

AGORA, tipo incrível foi o que aconteceu no clube Excess, na Savassi, em Belo Horizonte, na última sexta. O bailarino Marcelo Gabriel, um dos pilares da vanguarda artística mineira, tentou performance pessoal tipo strip num dos queijos, onde antes estavam os go-go boys da casa. Resultado: Marcelo foi expulso e ficou todo mundo passado. Não adiantou nem falar com gerente. Uó.

ENQUANTO isso, no Rio, o respeitado DJ Péricles, do núcleo BUM, toca hoje, no Blue Dreams, faixas do novo CD. Na famosa esquina da Barão com a Joana, o Blue Dream é um ex-clube gay, agora indefinido. Também neste fim-de-semana tem, na Bunker, Julião (viu, para quem perguntava dele outro dia?), live PA de Ramilson Maia (não vai perder, Ramilson abala) e o local Mauricio Lopes. Semana que vem, dia 28, tem, no THC, com Mercado Mundo Mix, o DJ Marky e Ricardinho NS, já de volta da Love Parade, que, você sabe, reuniu 1,6 milhão de pessoas em Berlim semana passada. Tipo incrível.

E o site rraurl faz dois anos neste fim-de-semana, com festa batizada de "br101", amanhã, no Manga Rosa, em conjunto com a lista br-raves. Vão tocar Gil Barbara, o carioca Rm2 (techouse e techno), Spiceee, de Florianópolis, Oblongui, de Brasília, e Djd, um novo DJ de BH, tocando house.

E tem bastante DJ internacional na cidade. Além de Alvaro Quartino, o DJ da Space de Punta del Este, que tocou quarta na festa da "It's Cool", quinta tem, na BASE/ Diesel, o DJ Wild, francês, que diz que é tipo bonitão, modelo de Armani e Versace. Diz que ele é bofe, namora uma brasileira de Manaus e está passando uns tempos aqui. Tem o alemão tranceiro Scot Project, que toca sábado na CD Expo e na U-Turn. Quinta tem o hypadíssimo DJ Zinc, rei do jump up, chegado do DJ Marky.

E amanhã tem rave Resistance, em Caçapava. E prepare-se para a verdadeira XXX-perience, dia 31. Que desde já promete não deixar pedra sobre pedra. E amanhã tem aniversário de George ACTV no Love in Paradise, com DJs amigos tocando uma hora cada.

E a VCO emplacou meia página na "QG", saudada como um bom caminho da nova moda brasileira.

E o Smirnoff Fashion Awards está de volta, dessa vez com o tema "Natureza Virtual", e a final brasileira vai acontecer sabe onde? Em Salvador, em setembro (informações pelo endereço sifa99@ibm.net ou pela caixa postal 1002, CEP 05422-970). Brasil total. E Brasil total é o tema do VMB da MTV, que vai ter vinhetas do cancioneiro nacional remixado por DJs legais. E o clima Brasil total não é porque a bebida do momento no mundo é a caipirinha ou porque o restaurante Favela, em Paris, é onde o jet-set se embebeda. Acredite no hype.


E-mail: palomino@uol.com.br.


Como você sabe, aquele da foto na semana passada não era o Cacá Ribeiro, mas o Marco Antonio Rangel.


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