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MÚSICA
Terceira edição do festival reúne 48 bandas para 60 horas de rock'n'roll, barracas e cachorros-quentes
Woodstock 99 começa em ex-base aérea
IVAN FINOTTI
da Reportagem Local
Começa hoje o Woodstock 99 e,
se tudo der certo, ele volta em
2004, 2009, 2014 etc.
Transformar o festival de rock
mais famoso do planeta em um
produto, quer dizer, um evento
que acontece de cinco em cinco
anos, é a grande meta do promotor Michael Lang e de sua firma
Woodstock Ventures.
Mas, para isso, há uma meta anterior: fazer a festa de hoje, amanhã e domingo dar certo, quer dizer, dar lucro. "Vai ser lindo", antevê o promotor.
Lang, que ajudou a levantar o
lendário Woodstock 69 e organizou a edição de 94, perdeu -ou
pelo menos afirma ter perdido-
dinheiro nas duas ocasiões. Se andou aprendendo com os erros, saberemos em 2004.
O que já sabemos é que há diversas diferenças e tantas outras
semelhanças com os festivais anteriores.
Da mesma forma que nos anteriores, o grande foco do Woodstock 99 é em bandas que fazem
sucesso nos Estados Unidos agora, como Limp Bizkit, Korn, Insane Clown Posse e Dave Matthews
Band. Daí, não estranhe o fato de
você não conhecer a maioria dos
artistas.
É claro que há espaço para nomes mais conhecidos, como
Bush, Red Hot Chili Peppers,
Chemical Brothers, Metallica e
Sheryl Crow, mas a idéia é oferecer um Woodstock para a geração
que está aí, disposta a acampar
três dias sem dormir numa fazenda barulhenta (48 bandas em 60
horas), comendo mal (centenas
de barracas de cachorro-quente,
tacos, pizzas, sanduíches e outras
iguarias do mesmo porte) e sob
risco de afogamento na lama
(choveu bem nas duas edições anteriores).
US$ 150
Diferentemente das edições anteriores, Lang nem sonha em admitir gente de graça em seu festival. O primeiro Woodstock esperava, no máximo, 50 mil hippies, a
US$ 18 por cabeça. Apareceram
entre 400 mil e meio milhão, que
foram entrando, sentando e fumando.
Em 94, a Woodstock Ventures
queria mais de 300 mil pessoas
dispostas a pagar US$ 135. Acabaram vendendo para 200 mil, mas
nem 600 policiais e 1.200 seguranças conseguiram impedir invasões de dezenas de milhares.
Desta vez, espera-se 250 mil. O
ingresso custa US$ 150 e, sem pagá-lo, vai ser muito difícil. O próprio lugar escolhido é uma fortaleza: o Griffiss Park, uma antiga
base da Força Aérea norte-americana na cidadezinha de Rome
(NY), EUA.
As cerquinhas da fazenda de Bethel (NY), em 1969, não contam,
mas as de 1994, na cidade de Sugerties (NY), tinham mais de 2
metros.
Neste ano, além delas, há um
muro de madeira e ferro que corre por cinco quilômetros ao redor
da parte principal do festival.
Como é um evento de paz e
amor (o slogan deste edição do
evento é "Um Mundo, Muitas
Vozes"), inventou-se que o tal
muro é "comemorativo". Assim,
diversos painéis inspirados no
Woodstock 69 foram pintados
em sua extensão.
Mas os afrescos não enganam
todo mundo: "Este lugar foi construído para ser defendido de um
ataque militar", congratula-se o
chefe de segurança Ken Donohue.
Prevendo que muitos chegarão
sem ingresso, a empresa Woodstock Ventures resolveu colocar
bilhetes à venda durante o festival, o que não aconteceu na edição anterior.
Cerveja
Com 15 milhões de metros quadrados -o equivalente a dez parques Ibirapuera-, o Griffiss Park
abriga dois enormes palcos principais -a 1,5 quilômetro de distância-, um terceiro para artistas iniciantes, raves noturnas em
hangar, palcos de teatro experimental, um festival de cinema,
um mercado de artes, um parque
com novidades tecnológicas, local
para acampamento (preço incluído no ingresso) e um espaço para
esportes radicais.
Cerveja só poderá ser vendida e
consumida em áreas reservadas,
o que já é um reconhecimento de
que os esforços de fazer um festival seco, como em 1994, não foram frutíferos. O estacionamento
funciona no próprio local.
Por enquanto, o promotor Michael Lang só tem uma reclamação a fazer. "Está um pouco fraco
na mídia", diz. "Mas é um evento
único. Este é "o" festival americano. Não há outro lugar para ir e
ter essa experiência."
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