São Paulo, Sexta-feira, 23 de Julho de 1999
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Galpão fica infantil em "Partido"

da Reportagem Local

As canções em coro permanecem tão envolventes, produzem suave encantamento, como em "Romeu e Julieta", o espetáculo marcante do grupo Galpão, sete anos atrás. Mas a suposta ingenuidade, a capa "nacional e popular" que surgia então com tanto impacto, agora causa arrepios.
O grupo Galpão, no início da década, vencia as eventuais insuficiências de interpretação em meio aos cenários de rua e de Minas. "Romeu e Julieta" estreou no paço de uma igreja em Ouro Preto, sob chuva, em apresentação que se pode chamar de histórica.
Uma experiência que não se repetiu, nem poderia, nas três apresentações do grupo mineiro no teatro Sesc Pompéia, no último fim-de-semana -com "Partido", peça inspirada em Ítalo Calvino.
Após cinco minutos de espetáculo, diante de vozes exteriorizadas, aparentemente sem o menor reflexo emocional, infantilizando diálogo e narração, mal se conseguia suportar a cadeira.
Fosse um musical inteiramente e talvez "Partido" se confirmasse uma bela rapsódia, até mesmo à altura do romance original, "Visconde Partido ao Meio". Mas, como está, foi um espetáculo infantil no horário errado.
No aparente esforço de adaptar a essência do original, a encenação impôs uma única e óbvia imagem a 75 minutos de espetáculo.
E ainda assim a metáfora do homem "partido" em bem e mal, que é expressa na maquiagem, nos figurinos e na interpretação, com os atores quase todos divididos ao meio, não conseguiu passar de uma brincadeira, na forma em que se fixou no palco. (NS)


Avaliação:  


Peça: Partido Autor: Ítalo Calvino Direção: Cacá Carvalho Com: grupo Galpão

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