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Galpão fica infantil em "Partido"
da Reportagem Local
As canções em coro permanecem tão envolventes, produzem
suave encantamento, como em
"Romeu e Julieta", o espetáculo
marcante do grupo Galpão, sete
anos atrás. Mas a suposta ingenuidade, a capa "nacional e popular" que surgia então com tanto
impacto, agora causa arrepios.
O grupo Galpão, no início da
década, vencia as eventuais insuficiências de interpretação em
meio aos cenários de rua e de Minas. "Romeu e Julieta" estreou no
paço de uma igreja em Ouro Preto, sob chuva, em apresentação
que se pode chamar de histórica.
Uma experiência que não se repetiu, nem poderia, nas três apresentações do grupo mineiro no
teatro Sesc Pompéia, no último
fim-de-semana -com "Partido",
peça inspirada em Ítalo Calvino.
Após cinco minutos de espetáculo, diante de vozes exteriorizadas, aparentemente sem o menor
reflexo emocional, infantilizando
diálogo e narração, mal se conseguia suportar a cadeira.
Fosse um musical inteiramente
e talvez "Partido" se confirmasse
uma bela rapsódia, até mesmo à
altura do romance original, "Visconde Partido ao Meio". Mas, como está, foi um espetáculo infantil no horário errado.
No aparente esforço de adaptar
a essência do original, a encenação impôs uma única e óbvia imagem a 75 minutos de espetáculo.
E ainda assim a metáfora do homem "partido" em bem e mal,
que é expressa na maquiagem,
nos figurinos e na interpretação,
com os atores quase todos divididos ao meio, não conseguiu passar de uma brincadeira, na forma
em que se fixou no palco.
(NS)
Avaliação:
Peça: Partido
Autor: Ítalo Calvino
Direção: Cacá Carvalho
Com: grupo Galpão
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