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MUSEU
Peças assinadas por artistas serão entrada para baile que arrecadará fundos para incrementar acervo da instituição
Máscaras ajudam MAM a comprar obras
CELSO FIORAVANTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O Jockey Club de São Paulo vai
recuperar, no próximo dia 29, por
uma noite, um pouco do glamour
que a instituição tinha quando a
sorte vinha a galope, nas patas de
um cavalo, e não em seis números
aleatórios marcados sobre uma
cartela de papel ou em bolinhas
numeradas caindo ao léu.
Naquela noite, estará abrigando
o evento Bal Masqué Rouge Miroir, um sofisticado baile de máscaras cujo objetivo é levantar fundos para a aquisição de obras de
arte contemporânea para o acervo do Museu de Arte Moderna de
São Paulo (MAM-SP).
O baile é sofisticado, pois as dez
máscaras que deverão ser usadas
foram confeccionadas por artistas
plásticos e designers: Beatriz Milhazes, Sergio Romagnolo, Cabelo, os irmãos Fernando e Humberto Campana e Pablo Reinoso.
Este último é um artista argentino
do elenco da galerista Ruth Benzacar (que morreu este ano). Reinoso é também responsável pela
linha de design da Givenchy, que
patrocina a festa. O traje será a rigor.
Estratégia
O evento está sendo organizado
por Isabella Prata, presidente do
Núcleo Contemporâneo do
MAM-SP, e será uma estratégia
de captação de recursos para
aquisição de obras de arte para o
acervo do museu. Esta semana
começaram a ser vendidas as 500
máscaras-convite para o Bal Masqué Rouge Miroir. Cada máscara
terá uma tiragem de 25 ou cem
exemplares. As máscaras estão
sendo vendidas pelo tel. 0/xx/11/
3044-2739.
"Nosso objetivo é realizar, uma
vez por ano, eventos para arrecadar fundos para a compra de
obras de arte contemporânea para o acervo do MAM-SP", disse
Isabella Prata.
"A idéia de criar as máscaras
surgiu para incentivar as pessoas
a irem à festa e encararem isso como um investimento. Elas estarão
colaborando para o crescimento
do acervo do museu, ficarão com
um objeto que é uma obra de arte
e ainda se divertirão na festa",
complementou.
Um caso exemplar de valorização de uma obra de arte em tiragem múltipla é o prato "Home
Sweet Home", do artista inglês
Damien Hirst, que traz em sua estampa uma porção de bitucas de
cigarro.
O prato foi lançado em 1998,
com uma tiragem de 1.500 exemplares, ao preço de US$ 100. Um
exemplar foi colocado em leilão
no site norte-americano Artnet
no mês passado e estava avaliado
entre US$ 500 e US$ 800. Foi vendido por US$ 770.
A festa pretende ainda recuperar um pouco da tradição de
eventos artísticos da cidade. Nos
anos 30, um grupo encabeçado
por Lasar Segall criou o Spam (Sociedade Pró-Arte Moderna), grupo que organizou festas e bailes de
Carnaval com cenários e figurinos
confeccionados por artistas como
Segall, Portinari e Flávio de Carvalho.
"Vai ser uma oportunidade de
os jovens usarem um black-tie. O
traje a rigor cria uma uniformidade que será quebrada com a diferença das máscaras", disse Isabella Prata.
Outras atrações
A festa terá outras atrações,
além das máscaras, bebidas, comidas e música.
Alguns membros do Núcleo
Contemporâneo e amigos do Museu de Arte Moderna decidiram,
além de comprar as máscaras,
doar obras de arte e outros bens
para a festa.
Essas doações serão rifadas durante o evento, com números que
estarão à venda por R$ 20 cada
um.
Entre os objetos que serão rifados estão um exemplar do múltiplo "Camelô" (de Cildo Meireles),
um desenho de Ernesto Neto,
uma escultura de Carlos Fajardo,
um vestido de Issey Miyake, um
terno Hugo Boss, um fundo de investimento com um depósito de
R$ 500, uma assinatura anual da
revista "Vogue" e outros.
Estão ainda previstas performances durante a festa. Para isso,
a organizadora Isabella Prata está
recebendo em seu e-mail
(prata@uol.com.br) descrições de
performances dos artistas interessados em participar.
"A performance é uma manifestação muito frequente no exterior, mas é pouco vista por aqui.
Os museus internacionais chegam a comprar performances,
mas isso não acontece no Brasil.
Vai ser uma oportunidade de esses artistas apresentarem seus trabalhos, mas não tenho a mínima
idéia do que pode acontecer", diz.
Núcleo Contemporâneo
O Núcleo Contemporâneo é
uma iniciativa do Museu de Arte
Moderna de São Paulo (MAM-SP), que está em atividade há quatro meses e conta com 104 sócios.
A idéia da criação do núcleo partiu da coordenadora Camila Figueiredo, que, no ano passado,
trabalhou como trainee no The
Junior Associates do MoMA (Museum of Modern Art NY), onde
adquiriu a experiência para a implantação de iniciativa semelhante no Brasil.
O núcleo é mantido pela anuidade que cada um dos sócios paga, que é de R$ 600.
Metade do valor serve para a organização de palestras, viagens
culturais e visitas a ateliês, museus
e galerias, entre outras atividades.
A outra metade é reservada à
compra de obras para o acervo do
museu.
O núcleo adquiriu, em junho último, sua primeira obra: uma fotografia da série "Chocolate", de
Vik Muniz, que reproduz a tela
inspirada na obra "A Descensão
de Cristo da Cruz", de Caravaggio. A obra está exposta atualmente no saguão de entrada do
MAM-SP.
"As pessoas e empresas pensam
em ação social apenas quando se
trata de crianças, deficientes, idosos... Mas eu considero a coleção
de um museu uma ação social
também. Um bom acervo é um
combustível para os visitantes,
que precisam ver a produção contemporânea; para os artistas, que
precisam produzir e vender suas
obras; e para o museu, que precisa
se atualizar", disse Prata.
As atividades do grupo não se
resumem às artes plásticas. "Procuramos criar um programa
equilibrado que abranja todas as
formas de expressão dos artistas
contemporâneos, já que eles se
expressam em diversos materiais
e mídias, que ultrapassam os limites da pintura ou da escultura. Por
isso, além de discutir arte, procuramos promover palestras com
arquitetos, como Paulo Mendes
da Rocha, assistimos a peça "Apocalipse 1,11", fomos ao Rio de Janeiro visitar galerias, museus e
ateliês, tivemos encontros com
artistas. Ainda para este ano, estamos programando uma viagem a
Berlim", disse Prata.
O grupo também é o responsável pela seleção das músicas que
comporão quatro CDs, que serão
lançados pela gravadora Trama
para serem vendidos nas lojas do
MAM-SP.
Evento: Bal Masqué Rouge Miroir
Local: Jockey Club de São Paulo (av.
Lineu de Paula Machado, 1.263, Butantã,
São Paulo, tel. 0/xx/11/816-4011)
Quando: dia 29, às 21h
Patrocinador: Parfums Givenchy
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