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FESTIVAL DE GRAMADO
"Vida de Menina", de Helena Solberg, e "Filhas do Vento", de Joel Zito Araújo, levam igual número de prêmios
Dois longas concentram troféus em edição irregular
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO
A premiação do 32º Festival de
Gramado, ocorrida no último sábado, exprimiu a irregularidade
da competição de filmes brasileiros -dos cinco títulos selecionados, apenas dois rivalizavam em
qualidade na disputa pelos prêmios ("Vida de Menina", de Helena Solberg, e "Filhas do Vento",
de Joel Zito Araújo).
O júri oficial repartiu entre os
dois longas quantidade idêntica
de troféus (cinco para cada um).
Solberg ficou com o Kikito de melhor filme, e Zito Araújo, com o de
melhor diretor.
"Vida de Menina" trata da experiência de uma jovem de descendência inglesa na extrativista Diamantina (MG), no final do século
19. O filme foi premiado também
pelo roteiro (de Solberg e Elena
Soárez), baseado no livro "Minha
Vida de Menina", de Helena Morley; fotografia (Pedro Farkas), direção de arte (Beto Mainieri), trilha (Wagner Tiso), além do troféu
do júri popular.
"Filhas do Vento" é uma história original sobre a trajetória de
duas gerações de uma família negra no interior de Minas Gerais.
Além de melhor direção, ganhou
nas categorias ator (Milton Gonçalves), atriz (Léa Garcia e Ruth
de Souza), ator coadjuvante (Rocco Pitanga), atriz coadjuvante
(Taís Araújo e Thalma de Freitas)
e foi eleito pela crítica como melhor filme brasileiro.
O júri reconheceu os esforços de
produção de dois outros concorrentes, premiando a montagem
de Luelane Loiola em "O Quinze",
dirigido por Jurandir Oliveira, e
dando o Prêmio Especial, cuja
justificativa ressaltou a qualidade
de finalização, a "Araguaya - A
Conspiração do Silêncio", de Ronaldo Duque. "Procuradas", de
Zeca Pires e José Frazão, não foi
nem lembrado na premiação.
Na competição latina, o uruguaio "Whisky", de Pablo Stoll e
Juan Pablo Rebella, levou os troféus de melhor filme dos júris popular e oficial e o Kikito de melhor
atriz (Mirella Pascual).
O argentino "Vereda Tropical"
ficou com os prêmios de direção
(Javier Torre) e ator (Fabio Aste,
que interpreta o poeta Manuel
Puig). O júri da crítica escolheu o
cubano "Suite Habana", de Fernando Pérez (também Prêmio Especial do júri oficial).
O melhor documentário foi "O
Cárcere e a Rua", de Liliana Sulzbach. O melhor curta-metragem
foi para "Momento Trágico", de
Cibele Amaral.
O secretário do Audiovisual do
MinC (Ministério da Cultura),
Orlando Senna, subiu ao palco
para entregar um troféu e fazer
um "pronunciamento". Em fala
breve e de improviso, Senna fez
referência ao projeto do ministério de criar a Ancinav (Agência
Nacional do Cinema e do Audiovisual), afirmando: "Depois de
um início conturbado, entramos
num caminho de serenidade e
discussão mais inteligente".
A atriz Bete Mendes leu na cerimônia "Carta de Gramado", afirmando que "a criação da Ancinav
é demanda histórica do cinema
brasileiro".
Durante a tarde de sábado, o assessor especial do MinC, Sérgio Sá
Leitão, falando como ministro interino, rechaçou críticas do vice-presidente da MPA (Motion Picture Association, reunião dos sete
maiores estúdios dos EUA) ao
projeto da Ancinav e à atuação do
governo brasileiro no combate à
pirataria audiovisual.
"Não é com ameaças, com terrorismo, com ultimatos que poderemos construir um ambiente
propício ao desenvolvimento da
atividade audiovisual no Brasil,
desenvolvimento do qual as empresas estrangeiras que atuam no
país também se beneficiarão."
Solot declarou em Gramado
que os EUA poderão adotar sanções (eliminando benefícios fiscais à importação de produtos
brasileiros) caso o governo não
tome medidas concretas contra a
pirataria audiovisual no Brasil, até
o prazo de 6/10. A MPA estima sofrer perdas anuais de US$ 800 milhões no Brasil com pirataria. As
sanções teriam igual valor.
A jornalista Silvana Arantes viajou a
convite da organização do Festival de
Gramado
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