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Crítica
Casa Santos conquista pelo agradável ar português, mas falha no bacalhau
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Creio que todo bairro de
São Paulo já teve um
restaurante como a Casa Santos. E todos mereceriam
ainda ter. Um lugar simples e
acolhedor, com receitas antigas, um ar português que nos
atém um pouco às raízes, onde
dá vontade de ir a pé, comer fartamente e ver os concidadãos
da redondeza. Trocar uma palavrinha com o proprietário
que está lá há décadas e voltar
para casa mansamente -levando a quentinha onde inevitavelmente estarão os restos das gigantescas porções.
É claro que aquela luz fria e
intensa poderia ser eliminada
do salão -garanto que antigamente a iluminação era mais
amarela, mais calorosa. Aquele
aparelho de TV poderia também nos poupar das novelas de
todo dia (não basta a vida?).
Também me pergunto se não
poderíamos abrir mão das porções gigantescas e desfrutar de
pratos individuais (ou para dois
-um filé à parmigiana para
dois serve quatro!).
E é preciso também considerar que a especialidade mais
tradicional da casa -o bacalhau, em vários formatos- não
está com essa bola toda.
Não que o ingrediente seja
negligenciado: as postas são
graúdas e de boa procedência.
Mas são raríssimos os lugares
da cidade onde ela é apropriadamente demolhada, ao ponto
exato de ficar tenra e apenas
temperada pelo sal residual. A
Casa Santos não está entre eles
(em que pese o fato de que seu
bolinho de bacalhau é de primeira -já do pastel, fuja).
Se o famoso bacalhau da Casa
Santos não vale a viagem, boa
parte de seu cardápio vale sim,
pelo menos pelo preço que é cobrado e pela circunstância que
os cerca, mantida pelo português Nicolau Marques Osório,
77, e seus filhos. O restaurante
nasceu em 1946; antes era uma
casa de secos e molhados fundada pela família Santos, à qual
Nicolau se associou até que, oito anos atrás, assumiu o controle da casa.
É pedir, no almoço, carne assada com purê, dobradinha
com feijão-branco, rabada com
polenta; ou, a qualquer hora,
sem gastar muito, pescada à doré com legumes, cabrito refogado com batatas, coelho à caçadora, lasanha ao forno. Os bons
tempos ainda estão por ali.
josimar@basilico.com.br
CASA SANTOS
Avaliação: regular
Endereço: r. Conselheiro
Dantas, 92, Canindé, tel. 0/xx/11/3228-5971
Funcionamento: seg. a sáb.,
das 11h30 à 0h; dom., das
11h30 às 17h
Ambiente: gostosa cara de
tasca portuguesa
Serviço: no velho estilo, lento
e ameno
Vinhos: oferta mínima,
precária
Estacionamento com
manobrista: grátis
Cartões: todos
Preços: couvert, R$ 1,90;
entradas, R$ 1,80 a R$ 29,90;
pratos principais, R$ 19,90 a R$
195 (bacalhau para 4 pessoas);
sobremesas, R$ 4 a R$ 12
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