São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007

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Nas lojas

Comédia dramática
C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor
JEAN-MARC VALLÉE
Distribuidora:
California; Quanto: só locação;
Avaliação: bom
Neste surpreendente filme canadense, Zac (Marc-André Grondin) é o garoto de classe média que cresce sufocado durante os anos 70. Em casa, vive relação de amor e ódio com o pai-herói, a mãe modelo e mais quatro irmãos. Há algo diferente em sua personalidade, todos desconfiam. Acompanhamos sua vida desde seu nascimento, numa noite de Natal. Influenciada pela data, a mãe lhe credita poderes de Cristo. Cedo, Zac irá reparar que se interessa mais por homens do que por mulheres, mas tentará fugir de seu destino. Pequeno grande filme, "C.R.A.Z.Y." extrai força da observação das pequenas sutilezas da vida, do amadurecimento, das descobertas. Ao entrar na alma dos personagens, via roteiro, direção e atuações exemplares, o filme vê o extraordinário e mágico que existem em todas as existências, dando caráter épico a vidas comuns, banais até -um elemento fundamental no longa é a música de David Bowie e Pink Floyd, entre outros ícones do rock/deuses idolatrados por fãs. (BRUNO YUTAKA SAITO)

Comédia
Um Príncipe em Nova York
JOHN LANDIS
Distribuidora:
Paramount; Quanto: R$ 30, em média;
Avaliação: bom
Um dos melhores filmes com Eddie Murphy, essa comédia traz o ator (que também assina o argumento) em grande forma, sob a direção do mais do que competente John Landis. Murphy faz um príncipe africano que resolve procurar uma esposa em Nova York. Vai parar no Queens, onde toma contato com o "American way of life" de um jeito todo especial. Ao lado de Murphy está o ótimo Arsenio Hall -os dois interpretam vários papéis, numa idéia então original que depois se tornou fórmula desgastada. Destaque para as participações de Eric La Salle (que depois faria o seriado "Plantão Médico"), Samuel L. Jackson (numa ponta, como um assaltante) e Cuba Gooding Jr. (em uma figuração, ele aparece sentado na cadeira de barbeiro). Sessão nostalgia da melhor qualidade. (PEDRO BUTCHER)

Comédia
Ó Paí, Ó
MONIQUE GARDENBERG
Distribuidora:
Europa; Quanto: só locação;
Avaliação: regular
Mistura de musical e crônica de costumes ambientada no Pelourinho num dia de Carnaval. Enquanto a dona evangélica de um cortiço corta a água do prédio para fustigar os moradores, os vários personagens se viram, namoram e se preparam para a folia. Um mecânico (Lázaro Ramos) maquia automóveis para que imitem os táxis oficiais, um traficante (Wagner Moura) procura comparsas e fregueses, uma garota de programa (Dira Paes) volta de uma temporada na Europa, uma baiana vende seus acarajés para turistas, meninos praticam pequenos furtos. A ligeireza cômica e a circunstância do Carnaval não justificam personagens tão estereotipados e uma mise-en-scène tão frouxa. Muito menos o melodrama inserido a fórceps no final, para dar "seriedade" à abordagem. (JOSÉ GERALDO COUTO)

Comédia
Caixa Dois
BRUNO BARRETO
Distribuidora:
Buena Vista; Quanto: só locação;
Avaliação: regular
Comédia de cambalacho, baseada em peça teatral de Juca de Oliveira, tendo como pano de fundo a corrupção política e empresarial no Brasil de hoje. No mesmo dia em que um gerente de banco caxias (Daniel Dantas) é demitido junto com 600 colegas, seu patrão (Fúlvio Stefanini) tenta descontar um cheque de R$ 50 milhões de proveniência escusa. Por uma coincidência absurda, o cheque vai parar na conta da mulher do gerente demitido. Há ainda arrivistas, "laranjas" e oportunistas de todos os tipos. A ligeireza do entrecho, o vale-tudo das reviravoltas e a falta de empenho da direção acabam diluindo o potencial corrosivo da peça, apesar de alguns bons momentos, sobretudo de Stefanini. (JGC)

Thriller
Ichi - O Assassino
TAKASHI MIIKE
Distribuidora:
Europa; Quanto: só locação;
Avaliação: regular Há quem cultue o diretor japonês Takashi Miike pelo mix de linguagens, o uso minucioso de cortes abruptos, enquadramentos insólitos e estruturas narrativas complexas. Contudo, a impressão mais forte que deixam seus filmes (mais de 70 títulos acumulados em uma filmografia iniciada em 1991) resulta da violência gráfica, com a recorrência de cenas extremas de torturas, estupros, decapitações etc. "Ichi - O Assassino" aproveita uma trama de acerto de contas no submundo do crime para fazer a tela transbordar de sanguinolência. No fundo, há uma poesia do sórdido que encanta Miike. O difícil para o espectador é não se sentir um masoquista entregue aos prazeres de um diretor sádico. (CÁSSIO STARLING CARLOS)

Animação
Wood & Stock - Sexo, Orégano e Rock n" Roll
OTTO GUERRA
Distribuidora:
Videofilme; Quanto: só locação;
Avaliação: ruim
É pena que os dois velhos hippies do cartunista Angeli não tenham gerado aqui uma obra à altura. A animação lenta e pouco elaborada incomoda, mas o principal problema é mesmo de roteiro: o fiapo de história mal daria para um curta decente. A decisão de agregar à trama vários outros personagens clássicos que sempre tiveram vida independente -como Meiaoito e Nanico, Rhalah Rikota, os Skrotinhos- também não colabora para o bom andamento da história, que parece uma soma ineficiente de piadas das tirinhas. Por fim, a escolha das vozes não foi particularmente feliz e apenas Stock tem uma dublagem que casa perfeitamente com o personagem. Os convidados, como Rita Lee dando voz à Rê Bordosa e Tom Zé interpretando Raul Seixas, não comprometem mas também não acrescentam. Fica a torcida para que o gaúcho Otto Guerra acerte a mão em sua próxima adaptação, os Piratas do Tietê, de Laerte. (MARCO AURÉLIO CANÔNICO)


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