Líder do grupo Jane's Addiction negocia a realização do megafestival no país

Banda se apresentará pela primeira vez em São Paulo em novembro; mostrará ao vivo apenas faixas de seus dois discos clássicos

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

O calendário brasileiro de festivais pop vai ganhar, em breve, uma adição respeitável.
O norte-americano Lollapalooza se prepara para realizar uma edição no país. A afirmação é de Perry Farrell, idealizador e organizador do evento.
"Vou levar o Lollapalooza ao Brasil. Já estou em negociações com algumas pessoas daí, por isso não posso falar muito agora. Mas será parecido com o que fazemos nos EUA, com muitas bandas de rock e DJs de eletrônica", contou o músico à Folha, por telefone.
Perry Farrell ficou conhecido no final dos anos 1980 como vocalista do Jane's Addiction. Em 1991, criou o Lollapalooza.
Neste ano, aconteceu entre 7 e 9 de agosto, com gente como Depeche Mode, Kings of Leon, The Killers, Passion Pit, Hercules and Love Affair e Lou Reed.
Enquanto não coloca em pé a versão brasileira do festival, ele traz sua banda pela primeira vez ao país dentro do Maquinaria, evento que acontece em São Paulo em 7 e 8 de novembro e que terá ainda Faith No More e Deftones, entre outros.
Farrell conta como será esse primeiro show do Jane's Addiction por aqui: "Vamos tocar os clássicos. Nada novo, porque tomamos uma decisão no grupo de que, nesses shows mais recentes, tocaríamos o que gravamos entre 1987 e 1991".
Assim, a apresentação será desenhada a partir dos álbuns "Nothing's Shocking", de 1988, e o cultuado "Ritual de lo Habitual", lançado em 1990 e que trazia os hits "Been Caught Stealing" e "Stop!".

Punk e metal
Na virada da década, o Jane's Addiction se aproveitou do fenômeno Nirvana, que virou de cabeça para baixo a indústria fonográfica. Bandas independentes pouco convencionais passaram a ser chamadas de "alternativas" e caçadas pelas grandes gravadoras.
Liderado por Farrell e pelo guitarrista Dave Navarro (que também virá ao Brasil), o Jane's Addiction tornou-se um nome grande ao reunir punk, metal, grunge e psicodelismo.
"Levávamos a vida que cantávamos nas músicas. Soávamos verdadeiros. Nossos shows eram como assistir ao vivo a um documentário. A música refletia uma época", afirma, sobre a popularidade do grupo.
"E nunca roubamos o estilo de ninguém. Nos influenciamos por algumas bandas, claro, mas eram apenas referências.
Nada foi premeditado. Quando conheci Dave, ele gostava de speed metal. Eu gostava de coisas bem undergrounds, de punk e de eletrônica."
Continua: "Combinamos tudo isso e não sabíamos como soaria no início. Por isso, nunca conseguiram nos rotular. Por exemplo, pegamos algo de Joy Division, mas você não diz que o Jane's Addiction soa como o Joy Division".
Olhando para o futuro, Farrell diz que gostaria de lançar mais um disco com o Jane's Addiction. "Eu tenho vontade, mas não sei se os outros querem também. Talvez possamos lançar um disco no final do ano que vem."