São Paulo, quarta-feira, 23 de setembro de 2009 |
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"Vida e morte andam de mãos dadas"
Fotógrafa Alessandra Sanguinetti, estrela do festival Paraty em Foco, que começa hoje, comenta sua obra plástica
MARIO GIOIA DA REPORTAGEM LOCAL Amor e destruição. A fotografia de Alessandra Sanguinetti transita por esse binômio com grande originalidade, o que fez com que sua obra chamasse a atenção do circuito internacional de artes e colaborou para seu ingresso na famosa agência Magnum. Nascida em Nova York e radicada na Argentina por 33 anos, Sanguinetti, 41, é uma das estrelas do Paraty em Foco (www.paratyemfoco.com), festival que começa hoje e segue até domingo na cidade fluminense. Além de Sanguinetti, a alemã Loretta Lux e o mexicano Gerardo Montiel Klint são outros dos destaques internacionais do evento fotográfico. "Adoro o trabalho de Alessandra. Fico extremamente admirada pela capacidade dela de obter fotos tão perfeitas sem nenhuma composição digital. O caráter existencial nos aproxima", afirma à Folha Lux, representada pela mesma galeria de Sanguinetti, a Yossi Milo. "Nossos pontos de partida e exploração seguem por vias paralelas. Há uma admiração mútua", diz Sanguinetti, cuja obra está em coleções de peso, como a do nova-iorquino MoMA. Uma das duas séries que tornou a argentino-americana celebrada foi "No Sexto Dia" (2006), vertiginosa coleção de imagens sobre a convivência entre habitantes do interior argentino com seus animais. Sanguinetti retrata profundamente esse universo, não deixando de exibir animais à beira da morte, sejam eles presas de cães caçadores, sejam criados para servirem de alimento. "Quando criança, passava meus verões e fins de semana no campo, que o foi meu lugar de educação real e emocional", conta a fotógrafa. "Observando de fora a vida cotidiana dali, aprendi que vida e morte andam de mãos dadas, e que o amor e a destruição convivem de um só modo." Sanguinetti diz que teve influências dos contos de fada e de um famoso conjunto de iluminuras medieval, "As Muito Ricas Horas do Duque de Berry", reunido em volumoso livro no século 15. "Essas pinturas em miniatura dramáticas, violentas e com cores intensas me causaram grande impressão pelo conteúdo e pela estética", lembra ela. Narrativa fantástica A outra elogiada série de Sanguinetti é "As Aventuras de Guille e Belinda e o Enigmático Significado dos Seus Sonhos", narrativa que enfoca duas pré-adolescentes do pampa em clima de histórias fantásticas. "Elas são primas, e as conhecia desde crianças. Por muito tempo, eu as expulsava quando fazia as fotos dos animais, já que elas os assustavam. Em 1999, comecei a conviver com elas, inventando jogos, escutando-as e tirando fotos. Não achava que era sério, mas acabou virando." A série guarda semelhanças com a produção de outro nome argentino reconhecido, a cineasta Lucrecia Martel. "É certo que a experiência argentina nasce de uma grande melancolia e de um eterno questionamento da nossa identidade, de um certo descontentamento", avalia Sanguinetti. Texto Anterior: Conexão pop - Thiago Ney: O Brasil do incentivo e os EUA Próximo Texto: Atriz Dirce Migliaccio morre aos 76 no Rio Índice |
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