São Paulo, quarta-feira, 23 de setembro de 2009

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CONEXÃO POP

O Brasil do incentivo e os EUA


Ultraje a Rigor fará CD de canções de ninar com incentivo fiscal; disco do Flaming Lips é onírico

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

SAIU ANTEONTEM no "Diário Oficial": o Ultraje a Rigor foi autorizado a captar R$ 41 mil via lei de incentivo fiscal para gravar o disco "Ultraje a Rigor para Bebês". Segundo o projeto, as músicas da banda "serão transcritas como se fossem canções de ninar".
Será que eles vão incluir no projeto faixas como "Marylou", "Sexo!" e "Eu Gosto de Mulher"?

 

E é aquele negócio: se uma banda como o Ultraje a Rigor, das mais bem-sucedidas comercialmente do pop brasileiro, precisa de lei de incentivo para lançar um disco, é porque a indústria da música deste país está realmente esquizofrênica.
De um lado, temos gente que entra em editais públicos e/ou corre atrás de renúncia fiscal para ganhar R$ 40 mil para produzir um disco; do outro, tem gravadora pagando R$ 400 mil para medalhões gravarem seus álbuns, disse à Folha, na semana passada, um executivo da Sony.
Ou seja: de um lado, um modelo de negócio assistencialista; de outro, um modelo falido.

 

Será que o Flaming Lips gastou R$ 400 mil para produzir "Embryonic"? Será que essa banda surgida nos EUA nos anos 1980 teve incentivo do governo para fazer o álbum, que será lançado no mês que vem?
Flaming Lips é das mais curiosas bandas do rock americano. Consegue criar gemas melódicas e delicadas como "Race for the Prize" (do elogiado disco "The Soft Bulletin") e delírios surrealistas como o álbum "At War with the Mystics".
"Embryonic" está mais para essa segunda faceta da banda de Wayne Coyne. Suas faixas são baseadas em pequenos barulhos, harmonias dissonantes, que criam uma sonoridade ao mesmo tempo "suja", misteriosa e onírica.

 

Quase o negativo de "Embryonic" é "The Boy Who Knew Too Much", segundo disco do inglês Mika, ou o "novo Freddie Mercury".
Mika canta em um distinto falsete, suas melodias, ao piano, são grandiosas -ele cultiva o exagero. Esse excesso joga contra -como na estreia, esse novo disco de Mika impressiona no início, diverte, mas nos cansa com o tempo.

 

A princípio, "Man on the Moon", álbum de estreia de Kid Cudi, causa estranhamento. Ele parte do rap e se aproxima do pop, do electro, do rock psicodélico, do r&b.
Aos 25 anos, ele surpreende seja sampleando Lady GaGa seja distribuindo referências de ficção científica em suas letras.

 

"500 Dias com Ela" é dos longas mais fofos do ano. Estrelado pela estonteante Zooey Deschanel (uma das metades do She & Him), será exibido na Mostra de São Paulo e no Festival do Rio. Mais do que para garotos, é filme para garotas.

thiago.ney@uol.com.br


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