São Paulo, Sábado, 23 de Outubro de 1999
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ABL
Existe movimento de acadêmicos querendo eleger Marco Maciel; Roberto Campos toma posse terça
Começa disputa por vaga de João Cabral

CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio

Os bastidores da ABL (Academia Brasileira de Letras) estão agitados com as articulações para a escolha do sucessor do poeta João Cabral de Melo Neto, morto no dia 9.
A Folha apurou que um grupo de acadêmicos está se movimentando para lançar a candidatura do vice-presidente da República, Marco Maciel, à vaga.
Os dois principais articuladores da campanha do vice-presidente são o ministro do Tribunal de Contas da União Marcos Vinícius Vilaça, pernambucano como João Cabral e Maciel, e o senador José Sarney.
Os dois já teriam começado a fazer consultas informais aos outros acadêmicos. A intenção é avaliar a receptividade à candidatura do vice-presidente.
Maciel só se inscreveria para concorrer às eleições caso houvesse certeza da vitória, para evitar o desgaste político de uma derrota na Academia.
O historiador Evaldo Cabral de Melo, irmão de João Cabral, foi sondado para se candidatar à vaga. Disse não às sondagens, afirmando não ter interesse em se tornar um imortal -como são conhecidos os membros da Academia-, muito menos para ocupar a vaga do irmão.
As eleições para a cadeira anteriormente ocupada por João Cabral de Melo Neto estão marcadas para 23 de março de 2000. As inscrições foram abertas no dia 14 e se encerram em dois meses.
Até agora, o único candidato formalmente inscrito é o poeta Ivan Junqueira. Ele já havia concorrido, em julho, nas eleições para a cadeira anteriormente ocupada por Antonio Houaiss, mas foi derrotado pelo embaixador Afonso Arinos de Melo Franco.
No dia 16 de março, serão realizadas as eleições para a vaga do escritor Herberto Sales. Há cinco candidatos -as inscrições se encerraram na terça-feira.
O escritor e colunista da Folha Carlos Heitor Cony é o mais forte candidato à vaga. Estão inscritos ainda o filólogo Leodegário de Azevedo Filho e os escritores Yeda Octaviano, Waldemar Cláudio dos Santos e Antônio Lopes de Sá.

Posse
O economista e colunista da Folha Roberto Campos, 82, toma posse na ABL na próxima terça-feira. Campos, que sucederá Dias Gomes, está preparando um discurso no qual traça paralelos entre suas trajetórias.
A Folha apurou que o ex-ministro do Planejamento do governo Castello Branco pretende que a linha de seu discurso mostre que não importa ser um comunista (como Dias Gomes) ou um liberal (como ele), desde que o objetivo seja buscar o bem-estar social.
O discurso será uma resposta às críticas da viúva de Dias Gomes, Bernadeth Lizyo. Ela havia afirmado que não queria ver a cadeira do marido, um homem de esquerda, ocupada por uma pessoa ligada à direita.
Pelo protocolo da ABL, a viúva é sempre convidada para a posse do sucessor de seu marido. Lizyo recebeu seu convite, mas ainda não confirmou se vai.
Os três filhos do primeiro casamento do dramaturgo -com a novelista Janete Clair- foram convidados e confirmaram sua presença. O presidente Fernando Henrique Cardoso, Marco Maciel e o senador Antônio Carlos Magalhães também foram convidados, mas ainda não disseram se estarão presentes.


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