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ABL
Existe movimento de acadêmicos querendo eleger Marco Maciel; Roberto Campos toma posse terça
Começa disputa por vaga de João Cabral
CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
Os bastidores da ABL (Academia Brasileira de Letras) estão
agitados com as articulações para
a escolha do sucessor do poeta
João Cabral de Melo Neto, morto
no dia 9.
A Folha apurou que um grupo
de acadêmicos está se movimentando para lançar a candidatura
do vice-presidente da República,
Marco Maciel, à vaga.
Os dois principais articuladores
da campanha do vice-presidente
são o ministro do Tribunal de
Contas da União Marcos Vinícius
Vilaça, pernambucano como
João Cabral e Maciel, e o senador
José Sarney.
Os dois já teriam começado a fazer consultas informais aos outros acadêmicos. A intenção é
avaliar a receptividade à candidatura do vice-presidente.
Maciel só se inscreveria para
concorrer às eleições caso houvesse certeza da vitória, para evitar o desgaste político de uma
derrota na Academia.
O historiador Evaldo Cabral de
Melo, irmão de João Cabral, foi
sondado para se candidatar à vaga. Disse não às sondagens, afirmando não ter interesse em se
tornar um imortal -como são
conhecidos os membros da Academia-, muito menos para ocupar a vaga do irmão.
As eleições para a cadeira anteriormente ocupada por João Cabral de Melo Neto estão marcadas
para 23 de março de 2000. As inscrições foram abertas no dia 14 e
se encerram em dois meses.
Até agora, o único candidato
formalmente inscrito é o poeta
Ivan Junqueira. Ele já havia concorrido, em julho, nas eleições para a cadeira anteriormente ocupada por Antonio Houaiss, mas foi
derrotado pelo embaixador
Afonso Arinos de Melo Franco.
No dia 16 de março, serão realizadas as eleições para a vaga do
escritor Herberto Sales. Há cinco
candidatos -as inscrições se encerraram na terça-feira.
O escritor e colunista da Folha
Carlos Heitor Cony é o mais forte
candidato à vaga. Estão inscritos
ainda o filólogo Leodegário de
Azevedo Filho e os escritores Yeda Octaviano, Waldemar Cláudio
dos Santos e Antônio Lopes de Sá.
Posse
O economista e colunista da Folha Roberto Campos, 82, toma
posse na ABL na próxima terça-feira. Campos, que sucederá Dias
Gomes, está preparando um discurso no qual traça paralelos entre suas trajetórias.
A Folha apurou que o ex-ministro do Planejamento do governo
Castello Branco pretende que a linha de seu discurso mostre que
não importa ser um comunista
(como Dias Gomes) ou um liberal
(como ele), desde que o objetivo
seja buscar o bem-estar social.
O discurso será uma resposta às
críticas da viúva de Dias Gomes,
Bernadeth Lizyo. Ela havia afirmado que não queria ver a cadeira do marido, um homem de esquerda, ocupada por uma pessoa
ligada à direita.
Pelo protocolo da ABL, a viúva é
sempre convidada para a posse
do sucessor de seu marido. Lizyo
recebeu seu convite, mas ainda
não confirmou se vai.
Os três filhos do primeiro casamento do dramaturgo -com a
novelista Janete Clair- foram
convidados e confirmaram sua
presença. O presidente Fernando
Henrique Cardoso, Marco Maciel
e o senador Antônio Carlos Magalhães também foram convidados, mas ainda não disseram se
estarão presentes.
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