São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2000

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Faltou choro no show de Hamilton de Holanda

CARLOS BOZZO JUNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Menos de cem pessoas assistiram ao início do show do bandolinista e compositor Hamilton de Holanda. A família do músico também compareceu, mas no palco. Seu pai, José Américo, tocou violão de seis cordas, e seu irmão, Fernando César, o violão de sete. Completaram o grupo Rogério Caetano (cavaquinho), Hamilton Pinheiro (baixo), Leander Mota (bateria) e Sandro Araújo (percussão).
Presume-se, pela formação acima, que o choro tenha sido a base do show, que, de fato, teve "Pedacinhos do Céu", "Santa Morena" e "Tico-Tico no Fubá", além de algumas belas composições do bandolinista, como "Aquarela na Quixaba" e "Hermeto Está Brincando". No entanto, o rapaz deixou uma pergunta no ar: que tipo de choro?
Talvez, algo como o choro do ano 2000? É muito rasa tal definição. O que Hamilton de Holanda faz é o reflexo da esquizofrenia cultural por que passamos, em que tudo é rápido, fragmentado e tecnologicamente preciso. Sua sonoridade é enérgica, talvez até demais. Por onde andam a sutileza, a poesia e o silêncio? Será que, por estar se apresentando em um local onde acontecem corridas, o músico se deixou levar só pela velocidade?
Não, Hamilton, que estudou cinco anos de violino, está se formando em composição e tem forte influência de Armandinho, conhece bem a poesia de Jacob e de Joel do Nascimento. O que faltou foi um pouco mais da essência de um dos mais belos gêneros musicais do Brasil: o próprio choro.


Hamilton de Holanda:   



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