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ARTES PLÁSTICAS
Coletivas e individuais de artistas brasileiros contemporâneos invadem Washington e Nova York
Brasil é a febre da temporada nos EUA
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Das itinerâncias da Mostra do
Redescobrimento organizadas
pela associação BrasilConnects,
"Território Virgem", inaugurada
na última quarta, em Washington, é a mais arrojada.
Apesar de realizada no politicamente correto Museu Nacional de
Mulheres nas Artes, que não é
considerado um espaço muito sério, a exposição apresenta um significativo grupo de artistas contemporâneos -25, ao todo, incluindo quatro homens- com
um tema que vai além de simples
panorama da produção contemporânea. "A presença masculina é
a parte transgressora da mostra",
diz Susan Fisher Sterling, uma das
curadoras.
A exposição é composta por
quatro seções: o Brasil como novo
mundo -o território virgem, a
demarcação do território, o machismo e a miscigenação de culturas e raças. Apesar de parecerem
sociológicas demais, essas questões nortearam uma feliz seleção
de artistas e obras pelos três curadores da mostra: os brasileiros
Franklin Pedroso e Berta Sichel e
a norte-americana Sterling.
O grupo de artistas apresentado
é composto por diferentes gerações e linguagens, o que resulta
em um ótima representação da
produção contemporânea. "Buscamos selecionar não só obras relacionadas com o tema, mas também apresentar artistas que não
fazem parte de toda mostra que se
faz sobre o Brasil", disse Sterling.
Na primeira seção, Adriana Varejão apresenta quatro obras sobre mitos e fantasias do Brasil colonial. Já na seção sobre a demarcação do território, o destaque é
Anna Bella Geiger, com nove trabalhos sobre criação de fronteiras.
Na seção que trata do machismo, a artista apresentada como
símbolo é Nazareth Pacheco, com
sua série "Jóias", que recria acessórios femininos como instrumentos de tortura. O filme "Mulheres Negras", de Silvana Afran,
é o símbolo da última seção.
Nova York
Já em Nova York, a mostra "O
Fio da Trama", a primeira das coletivas desta temporada, apresenta 21 artistas contemporâneos.
A exposição tem curadoria de
Fátima Bercht, que também é a
curadora-chefe do espaço que sedia a mostra, o étnico Museo del
Barrio. "Foi a primeira exposição
prevista para acontecer aqui, antes mesmo da mostra no Guggenheim", disse Bercht.
A curadora optou por reunir jovens artistas e alguns já com bastante destaque, como Ernesto Neto, Vik Muniz e Miguel Rio Branco. Entre os considerados novos,
estão Vicente de Mello e Marepe.
Outra coletiva acontece no Lattincollector Art Center, em Tribeca. Ela deveria receber uma mostra da coleção do Museu de Arte
Contemporânea de Niterói, mas o
empréstimo acabou não ocorrendo por causa dos atentados de 11
de setembro. "Organizei a mostra
em pouco tempo para não perder
a oportunidade que o Brasil tem
agora em Nova York", disse Frederico Sève, diretor do espaço.
A exposição, feita majoritariamente com obras de colecionadores norte-americanos, reúne desde modernistas, como Anita Malfati, aos contemporâneos Daniel
Senise e José Resende.
Individuais em galerias complementam a febre brasileira em Nova York. Há quatro em cartaz, e
outras devem ser abertas até a 25ª
Bienal de São Paulo. A onda brasileira parece ter chegado definitivamente aos EUA.
O jornalista Fabio Cypriano viajou a
convite da associação BrasilConnects
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