São Paulo, terça-feira, 23 de outubro de 2001

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ARTES PLÁSTICAS

Coletivas e individuais de artistas brasileiros contemporâneos invadem Washington e Nova York

Brasil é a febre da temporada nos EUA

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Das itinerâncias da Mostra do Redescobrimento organizadas pela associação BrasilConnects, "Território Virgem", inaugurada na última quarta, em Washington, é a mais arrojada.
Apesar de realizada no politicamente correto Museu Nacional de Mulheres nas Artes, que não é considerado um espaço muito sério, a exposição apresenta um significativo grupo de artistas contemporâneos -25, ao todo, incluindo quatro homens- com um tema que vai além de simples panorama da produção contemporânea. "A presença masculina é a parte transgressora da mostra", diz Susan Fisher Sterling, uma das curadoras.
A exposição é composta por quatro seções: o Brasil como novo mundo -o território virgem, a demarcação do território, o machismo e a miscigenação de culturas e raças. Apesar de parecerem sociológicas demais, essas questões nortearam uma feliz seleção de artistas e obras pelos três curadores da mostra: os brasileiros Franklin Pedroso e Berta Sichel e a norte-americana Sterling.
O grupo de artistas apresentado é composto por diferentes gerações e linguagens, o que resulta em um ótima representação da produção contemporânea. "Buscamos selecionar não só obras relacionadas com o tema, mas também apresentar artistas que não fazem parte de toda mostra que se faz sobre o Brasil", disse Sterling.
Na primeira seção, Adriana Varejão apresenta quatro obras sobre mitos e fantasias do Brasil colonial. Já na seção sobre a demarcação do território, o destaque é Anna Bella Geiger, com nove trabalhos sobre criação de fronteiras.
Na seção que trata do machismo, a artista apresentada como símbolo é Nazareth Pacheco, com sua série "Jóias", que recria acessórios femininos como instrumentos de tortura. O filme "Mulheres Negras", de Silvana Afran, é o símbolo da última seção.

Nova York
Já em Nova York, a mostra "O Fio da Trama", a primeira das coletivas desta temporada, apresenta 21 artistas contemporâneos.
A exposição tem curadoria de Fátima Bercht, que também é a curadora-chefe do espaço que sedia a mostra, o étnico Museo del Barrio. "Foi a primeira exposição prevista para acontecer aqui, antes mesmo da mostra no Guggenheim", disse Bercht.
A curadora optou por reunir jovens artistas e alguns já com bastante destaque, como Ernesto Neto, Vik Muniz e Miguel Rio Branco. Entre os considerados novos, estão Vicente de Mello e Marepe.
Outra coletiva acontece no Lattincollector Art Center, em Tribeca. Ela deveria receber uma mostra da coleção do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, mas o empréstimo acabou não ocorrendo por causa dos atentados de 11 de setembro. "Organizei a mostra em pouco tempo para não perder a oportunidade que o Brasil tem agora em Nova York", disse Frederico Sève, diretor do espaço.
A exposição, feita majoritariamente com obras de colecionadores norte-americanos, reúne desde modernistas, como Anita Malfati, aos contemporâneos Daniel Senise e José Resende.
Individuais em galerias complementam a febre brasileira em Nova York. Há quatro em cartaz, e outras devem ser abertas até a 25ª Bienal de São Paulo. A onda brasileira parece ter chegado definitivamente aos EUA.


O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite da associação BrasilConnects



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