São Paulo, terça-feira, 23 de outubro de 2001

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DVD

Número de lançamentos em disco neste ano é o dobro dos títulos em vídeo

Formato digital invade mercado e cresce 70%

IRINÊO NETTO
DA REDAÇÃO

As vendas de aparelhos de DVD entre janeiro e agosto deste ano superaram o total do ano passado em 70%. Paulo Saab, diretor-presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), atribui essa expansão do mercado a um "fenômeno da modernidade".
Para explicar o fenômeno, cita que a transição da TV analógica para a digital deve ser mais rápida que a do televisor em preto-e-branco para o TV em cores. Teoricamente, o DVD deverá aposentar o videocassete em menos de 15 anos -tempo de que o CD precisou para bater os discos de vinil. Nesse processo, o que orienta o consumidor brasileiro é a "atração por novas tecnologias".
Oceano Vieira, editor do "Jornal do Vídeo", atua como consultor do mercado de VHS (e de DVD) desde 1985 e diz que, se a indústria conseguir produzir 2 milhões de aparelhos por ano, em 2005, o DVD terá 50% do mercado.
"Acredito que o videocassete, que só nos últimos três anos chegou à classe mais pobre, vá continuar sua trajetória de vendas", diz Vieira. Até o mês passado, o ano de 2001 tinha registrado 729 mil videocassetes vendidos no Brasil.

DVD versus VHS
Se o DVD oferecia poucas opções de títulos há dois anos, agora isso não é mais um problema. Este mês, o número de lançamentos em disco digital será o dobro (80) do de filmes em VHS (40). A diferença deve-se, em parte, ao fato de as distribuidoras investirem no relançamento de catálogos e de produções clássicas só em digital.
O DVD chegou ao mercado brasileiro em agosto de 1997, importado por uma empresa de eletroeletrônicos oito meses depois de surgir no Japão e seis depois de ser lançado nos EUA.
Até o final deste ano, o Brasil terá 825 mil aparelhos de DVD. A estimativa é do "Jornal do Vídeo", que fornece dados para publicações como a "Variety", dos EUA.
Desde o primeiro DVD nacional, "Era uma Vez na América", de Sergio Leone, até a aguardada coleção de "O Poderoso Chefão", com material inédito sobre a trilogia de Francis Ford Coppola, foram lançados 1.350 títulos, somando-se os filmes (classificados como DVD vídeo) aos shows (DVD music). Há ainda o DVD áudio, com qualidade de som cinco vezes superior à do CD.

Colecionadores
O DVD possui uma particularidade: enquanto o VHS é sinônimo de locação, o disco digital arrebanha aficionados dispostos a investir em acervos pessoais. "O DVD nasceu com a característica de produto colecionável", diz Ana Paula Imenez, coordenadora de marketing da Columbia TriStar.
Por características como menu interativo, que facilita o acesso ao conteúdo do disco, é comum encontrar DVDs com atrações extras, de cenas de bastidores a comentários do diretor sobre sua obra -tipo de material que seduz colecionadores.
"Gladiador", de Ridley Scott, é o DVD mais vendido no Brasil (70 mil unidades) e foi lançado numa versão com dois discos -um deles só com extras que incluem cenas inéditas e um documentário sobre gladiadores.
"Todo mundo que compra um DVD quer ter um filme em casa", diz Maurício Abud, gerente de marketing da MGM/Fox.
Só no varejo, sem contar as vendas para videolocadoras, a versão em VHS de "X-Men" vendeu 5.000 cópias. Já as réplicas em DVD venderam 31 mil unidades.
Outro ponto a favor do DVD é o lançamento de filmes que não chegam ao vídeo. "Aconteceu Naquela Noite", de Frank Capra, e "Manhattan" e "A Última Noite de Boris Grushenko", de Woody Allen, são títulos que, no Brasil, só existem em DVD.
O DVD subjuga o videocassete em vários quesitos, mas tem um calcanhar-de-aquiles: não consegue gravar a novela das oito nem o filme da madrugada -coisa que o videocassete faz. Vieira diz que o aparelho de DVD regravável ainda vai demorar a ganhar o mercado. Segundo o consultor, o preço ainda é "proibitivo". Só o DVD virgem custa, em média, US$ 80 (mais de R$ 200).


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