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DVD
Número de lançamentos em disco neste ano é o dobro dos títulos em vídeo
Formato digital invade mercado e cresce 70%
IRINÊO NETTO
DA REDAÇÃO
As vendas de aparelhos de DVD
entre janeiro e agosto deste ano
superaram o total do ano passado
em 70%. Paulo Saab, diretor-presidente da Eletros (Associação
Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), atribui
essa expansão do mercado a um
"fenômeno da modernidade".
Para explicar o fenômeno, cita
que a transição da TV analógica
para a digital deve ser mais rápida
que a do televisor em preto-e-branco para o TV em cores. Teoricamente, o DVD deverá aposentar o videocassete em menos de 15
anos -tempo de que o CD precisou para bater os discos de vinil.
Nesse processo, o que orienta o
consumidor brasileiro é a "atração por novas tecnologias".
Oceano Vieira, editor do "Jornal
do Vídeo", atua como consultor
do mercado de VHS (e de DVD)
desde 1985 e diz que, se a indústria
conseguir produzir 2 milhões de
aparelhos por ano, em 2005, o
DVD terá 50% do mercado.
"Acredito que o videocassete,
que só nos últimos três anos chegou à classe mais pobre, vá continuar sua trajetória de vendas", diz
Vieira. Até o mês passado, o ano
de 2001 tinha registrado 729 mil
videocassetes vendidos no Brasil.
DVD versus VHS
Se o DVD oferecia poucas opções de títulos há dois anos, agora
isso não é mais um problema. Este mês, o número de lançamentos
em disco digital será o dobro (80)
do de filmes em VHS (40). A diferença deve-se, em parte, ao fato de
as distribuidoras investirem no
relançamento de catálogos e de
produções clássicas só em digital.
O DVD chegou ao mercado brasileiro em agosto de 1997, importado por uma empresa de eletroeletrônicos oito meses depois de
surgir no Japão e seis depois de
ser lançado nos EUA.
Até o final deste ano, o Brasil terá 825 mil aparelhos de DVD. A
estimativa é do "Jornal do Vídeo",
que fornece dados para publicações como a "Variety", dos EUA.
Desde o primeiro DVD nacional, "Era uma Vez na América",
de Sergio Leone, até a aguardada
coleção de "O Poderoso Chefão",
com material inédito sobre a trilogia de Francis Ford Coppola, foram lançados 1.350 títulos, somando-se os filmes (classificados
como DVD vídeo) aos shows
(DVD music). Há ainda o DVD
áudio, com qualidade de som cinco vezes superior à do CD.
Colecionadores
O DVD possui uma particularidade: enquanto o VHS é sinônimo de locação, o disco digital arrebanha aficionados dispostos a
investir em acervos pessoais. "O
DVD nasceu com a característica
de produto colecionável", diz Ana
Paula Imenez, coordenadora de
marketing da Columbia TriStar.
Por características como menu
interativo, que facilita o acesso ao
conteúdo do disco, é comum encontrar DVDs com atrações extras, de cenas de bastidores a comentários do diretor sobre sua
obra -tipo de material que seduz
colecionadores.
"Gladiador", de Ridley Scott, é o
DVD mais vendido no Brasil (70
mil unidades) e foi lançado numa
versão com dois discos -um deles só com extras que incluem cenas inéditas e um documentário
sobre gladiadores.
"Todo mundo que compra um
DVD quer ter um filme em casa",
diz Maurício Abud, gerente de
marketing da MGM/Fox.
Só no varejo, sem contar as vendas para videolocadoras, a versão
em VHS de "X-Men" vendeu
5.000 cópias. Já as réplicas em
DVD venderam 31 mil unidades.
Outro ponto a favor do DVD é o
lançamento de filmes que não
chegam ao vídeo. "Aconteceu Naquela Noite", de Frank Capra, e
"Manhattan" e "A Última Noite
de Boris Grushenko", de Woody
Allen, são títulos que, no Brasil, só
existem em DVD.
O DVD subjuga o videocassete
em vários quesitos, mas tem um
calcanhar-de-aquiles: não consegue gravar a novela das oito nem
o filme da madrugada -coisa
que o videocassete faz. Vieira diz
que o aparelho de DVD regravável ainda vai demorar a ganhar o
mercado. Segundo o consultor, o
preço ainda é "proibitivo". Só o
DVD virgem custa, em média,
US$ 80 (mais de R$ 200).
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