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Serra quer que governo apóie indústria cultural
DA REPORTAGEM LOCAL
De acordo com o programa do
candidato José Serra (PSDB), disponível na internet, a cultura será
tratada como "setor estratégico
para o futuro do país". A cultura é
ainda apresentada como "o fio
condutor que fortaleça o processo
de desenvolvimento econômico e
social". O plano da área, que
quando impresso resulta em seis
páginas, apresenta 14 eixos de
atuação e 19 propostas.
"Cada item do programa tem
mais de dez páginas de explicação", afirma a atriz e empresária
Paula Lavigne, encarregada pela
coordenação da campanha de
responder pelo programa de cultura de Serra. "Pude colaborar
porque transito em muitas áreas
diferentes, sei de dentro quais são
os problemas", diz.
Ao contrário do programa de
Lula, que reforça a presença do
Estado na cultura, o programa de
Serra propõe que "o Poder Público apóie a estruturação de uma
indústria cultural no Brasil". "Se
não fosse a indústria cultural, não
teríamos Tom Jobim, Caetano ou
Gil", afirma Lavigne.
Por outro lado, o programa do
candidato tucano também propõe o aumento do orçamento direto do Ministério da Cultura. De
acordo com Lavigne, "o ideal seria conseguir 1% do orçamento da
União para a cultura, mas descobrimos que é inviável. Acreditamos que o possível é ao menos triplicar o valor atual, que está em
cerca de R$ 270 milhões".
O programa de Serra também
utiliza o mesmo conceito proposto por Lula de uma ação "transversal" da cultura, "perpassando e
interferindo positivamente em todas as áreas de interesse social do
governo federal". "É preciso definir melhor o papel das prefeituras
e dos Estados nessa área, o que
pode começar com uma comunicação maior entre essas esferas",
diz Lavigne.
Os eixos de atuação propostos
por Serra fazem parte do capítulo
dedicado ao desenvolvimento humano e social. Poucas são as propostas concretas, ou seja, que indiquem ações imediatas, como,
por exemplo, a ampliação do programa "Uma Biblioteca em Cada
Município", ação já em curso no
governo federal. A maioria dos eixos apresenta pontos genéricos e,
de certa forma, inquestionáveis,
como "garantir a todos os cidadãos o direito de experimentar
cultura como fator imprescindível de formação" ou "desenvolver
programa de incentivo à programação televisiva de qualidade".
A mesma desproporção ocorre
com as 19 propostas, incluídas
numa sessão denominada "Desenvolvimento Econômico, Emprego, Exportação". As propostas
mais concretas são a criação da
Agência Nacional do Direito Autoral (Anda), para o "combate à
pirataria", e a criação do Instituto
Machado de Assis, órgão que seria vinculado ao Ministério da
Cultura e Ministério das Relações
Exteriores, para "difundir e valorizar a língua portuguesa e a cultura brasileira fora do país".
"Para começar qualquer história na área da cultura, é preciso
discutir a questão dos direitos autorais. A criação da Anda é um caso de SOS para os artistas. Hoje,
há apenas uma pessoa no Ministério da Cultura que toma conta
do assunto, enquanto nos Estados
Unidos são 700", afirma Lavigne.
Já a criação do Instituto Machado de Assis é uma versão brasileira para as entidades culturais ligadas a governos estrangeiros, como o Instituto Goethe. "Precisamos ter uma ação mais significativa fora do país", diz a produtora
cultural.
(FCY)
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