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COLEÇÃO FOLHA
Compositor de óperas consagradas, autor alemão esteve no centro de importantes polêmicas musicais
Próximo CD destaca genialidade de Wagner
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Semana que vem é tempo de ouvir a Royal Philharmonic Orchestra tocando a música de um dos
mais consagrados e controversos
autores da música erudita. Trechos orquestrais de óperas de Richard Wagner (1813-1883) formam o próximo volume da Coleção Folha de Música Clássica.
Poucos compositores são objeto
de um culto tão intenso quanto
Wagner. Desde 1876, o ritual se
repete: wagnerianos de todas as
partes do globo se reúnem na pequena cidade alemã de Bayreuth
para comparecer ao festival de verão que encena apenas óperas do
compositor germânico, no teatro
que foi planejado pelo próprio
Wagner. A fila de espera para os
ingressos é de sete anos.
Poucos, também, são centro de
polêmicas tão exacerbadas. Revolucionário na juventude, Wagner
foi adotando posições cada vez
mais anti-semitas ao longo de sua
vida. Sua música foi incorporada
pelo Terceiro Reich, e até hoje
tentativas de execução de Wagner
em Israel suscitam protestos de
sobreviventes dos campos de extermínio.
O próprio Hitler tinha adoração
por Wagner; o ditador nazista
compareceu ao festival de Bayreuth, e consta que o manuscrito
da ópera "Rienzi", cuja abertura
integra o CD da Coleção Folha,
pereceu com ele em seu bunker,
em 1945.
Além de "Rienzi", o disco traz
excertos bastante conhecidos da
produção wagneriana, como "A
Cavalgada das Valquírias" -trecho da ópera "A Valquíria", que
faz parte da tetralogia "O Anel do
Nibelungo", utilizado com grande impacto por Francis Ford Coppola em seu filme "Apocalipse
Now" (1979).
Wagner tem obras sinfônicas
que ninguém toca, e peças para
piano solo que permanecem esquecidas. Seu verdadeiro legado
como compositor repousa nas
óperas, que lhe deram uma posição de liderança nas vanguardas
estéticas do século 19.
Pelas inovações harmônicas, a
produção do compositor era rotulada de "música do futuro", e
ele almejava que seus espetáculos
fossem a "obra integrada", fusão
de todas as expressões artísticas.
Outra característica das óperas
de Wagner é o uso constante do
"leitmotiv" ("motivo condutor").
Trata-se de um tema musical claramente definido, que representa
uma pessoa, objeto, estado de espírito ou situação, e que retorna
sempre que o personagem ao qual
ele está associado entra em cena
ou é mencionado. Wagner não inventou o "leitmotiv", mas o empregou de maneira sistemática,
transformando-o em um dos
pontos capitais de sua estética.
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